Câncer de próstata: na Região Norte do país, o Pará lidera em número de casos e Roraima, em crescimento, na comparação entre os anos 2022 e 2021

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Câncer de próstata: na Região Norte do país, o Pará lidera em número de casos e Roraima, em crescimento, na comparação entre os anos 2022 e 2021

 

A Região Norte do país segue tendência de alta de casos de câncer de próstata em seis dos sete estados, de acordo com números levantados pelo Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) na base de dados do Datasus. Em termos de Brasil, o Cancer Tomorrow, da OMS, aponta que em 2040 os tumores de próstata serão a causa de 41,4 mil mortes, um aumento de 122%, acima da média anual, que registra acréscimo de 97%. Alinhado ao cenário e em alusão ao Novembro Azul, o IUCR lança a campanha SÓ UM TOQUE, MAN! que convoca os homens a aderir à prevenção, diagnóstico precoce e cuidados gerais com a saúde para redução da carga de incidência e mortalidade

 

Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil registrará 71.740 casos novos a cada ano deste triênio (2023-2025), um aumento de 8,5% em relação a estimativa anterior (2020-2022), que era de 65.840 casos anuais. No país, os tumores malignos de próstata respondem por 3 em cada 10 casos de câncer diagnosticados nos homens.

 

Na Região Norte, os números levantados pelo Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) no Painel de Oncologia Brasil/Datasus, que considera o atendimento no Sistema Único de Saúde – SUS ((confira na tabela a seguir), revelam que a tendência de aumento de casos já está presente em 2022, comparado ao ano anterior.

 

Em muitos estados, o número de casos de 2022 já supera os apresentados em 2019, antes da pandemia (período de queda, em função da dificuldade de realizar diagnósticos devido a fatores como a sobrecargas do sistema de saúde, confinamento da população, entre outros). Na última coluna da tabela, o IUCR apresenta os números informados no sistema Datasus para os primeiros oito meses de 2023, que ainda estão em processo de atualização.

 

Região Norte – Diagnóstico de câncer de próstata *

*Painel Oncologia Brasil/Datasus – Casos segundo UF da residência

 

 

Também no Painel de Oncologia Brasil/Datasus é possível colher dados sobre o teste PSA (Antígeno Prostático Específico), um exame de sangue realizado, principalmente, para rastrear o câncer de próstata. No período de 2019 a 2022, o volume desse exame, de acordo com dados informados na plataforma, tem crescido nos estados da Região Norte, com um aumento de 134% na quantidade de exames realizada em 2022, comparada a 2019. Confira:

*Painel Oncologia Brasil/Datasus – Casos segundo UF da residência

 

Nesse mesmo período (2019/2022), de acordo com a mesma base de dados, foram realizadas 399 prostatectomias, procedimento cirúrgico para retirada da próstata, em casos de câncer. Desse total, 97 foram feitos em 2019; 80, em 2020; 93, em 2021; e 129, em 2022.



 

ALTA TAXA DE MORTALIDADE

O câncer de próstata, embora seja uma doença que na maioria dos casos seja de crescimento lento, é o tumor maligno mais comum entre os homens e com alta taxa de mortalidade. Se medidas mais efetivas de rastreamento populacional de câncer de próstata não forem adotadas, poderá haver o dobro de casos e mortes anuais pela doença em 2040. É o que aponta levantamento feito pelo Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) na base Cancer Tomorrow da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde.

 

A ferramenta, que prevê a incidência futura do câncer e a carga de mortalidade mundial e em cada país do planeta a partir das estimativas de 2020 até 2040, aponta que o número de casos anuais de câncer de próstata no mundo saltará de 1,41 milhão para 2,43 milhões em 2040 (aumento de 75%), enquanto a mortalidade irá de 375 mil para 740 mil no período (aumento de 97%). No Brasil, o aumento entre as duas décadas é ainda mais acentuado que a média mundial: acréscimo de 83% nos casos anuais e de 122% na mortalidade anual.

 

SÓ UM TOQUE, MAN

Os números acendem o alerta para a intensificação das ações alusivas ao Novembro Azul, mês de conscientização mundial sobre câncer de próstata. Com esse foco, o IUCR cria em 2023 a campanha SÓ UM TOQUE, MAN, com mensagem-chave que faz analogia à disseminação de dicas de cuidados com a saúde, assim como lembra sobre a importância do exame de toque (associado ao exame de PSA), que é um tabu na população masculina.

 

A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que os homens a partir de 50 anos procurem um profissional especializado, para avaliação individualizada. Aqueles da raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar aos 45 anos. O rastreamento deverá ser realizado após ampla discussão de riscos e potenciais benefícios, em decisão compartilhada com o paciente. Após os 75 anos, poderá ser realizado apenas para aqueles com expectativa de vida acima de 10 anos.

 

“Os homens são mais resistentes a cuidar da saúde. Infelizmente, é uma questão cultura, na qual muitos não aceitam estar em qualquer condição que eles julguem ser de vulnerabilidade. Isso fecha janelas de oportunidade para prevenção e para um potencial diagnóstico mais precoce. Precisamos dar este toque nos homens”, alerta o urologista e cirurgião oncológico Gustavo Cardoso Guimarães, diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) e coordenador dos departamentos cirúrgicos oncológicos da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

 

PRINCIPAIS TOQUES PARA OS HOMENS

Passe em consulta com o urologista uma vez ao ano

Se você já tem 45 anos de idade ou mais, faça o exame de toque retal e de sague PSA para a prevenção do câncer de próstata

Tenha uma alimentação equilibrada todos os dias

Faça a atividade física regularmente

Não fume

Use preservativo na relação sexual

Bebida alcoólica só com moderação

Fique alerta aos sinais do seu corpo

Mantenha o peso adequado

 

TRATAMENTO

A definição do tratamento é feita caso a caso, levando em conta variáveis como idade, tipo do câncer, estágio, estadiamento, estado clínico e emocional do paciente e possíveis efeitos colaterais associados ao tratamento.

“Munidos dessas informações, podemos oferecer uma abordagem personalizada, baseada em evidências científicas, beneficiando cada paciente de forma assertiva”, explica Gustavo Guimarães.

 

As abordagens podem ser cirúrgicas, com destaque para a robótica; assim como por ultrassom de alta frequência, hormonioterapia, radioterapia, crioterapia, protonterapia e quimioterapia.

“Há casos também em que a doença é indolente a tal ponto de optarmos por não tratar. Mantemos assim uma vigilância ativa, só optando pela terapia caso a doença evolua”, afirma.

 

 

 

Fonte: Lídia de Santana