Catiane Marques, 35, que passou recentemente por um transplante de rim doado pelo irmão, Fernando Marques, 39 anos, ambos do município de Ouro Preto têm quadro clínico estável, e está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Base dr. Ary Pinheiro, em Porto Velho, conforme o protocolo determinado para quem passa por uma cirurgia deste porte.
A cirurgia durou oito horas, e correu de acordo com o esperado, e segundo o coordenador da equipe de transplantes, o médico Achiles Queiroz Monteiro, a paciente continuará em isolamento e apenas os médicos e enfermeiros devem ter contato com ela. O procedimento, conforme o médico é necessário, pois envolve um período de muitos cuidados.
O período de 72 horas após o transplante é considerado o mais crítico, e apenas depois é que poderá ser avaliado o resultado da cirurgia. Duas equipes num total de sete cirurgiões conduziram os dois procedimentos cirúrgicos.
Por ser um caso raro registrado em Rondônia, o secretário de Saúde, Fernando Máximo, que também é médico, acompanhou parte da cirurgia que foi a primeira acontecer este ano.
“Transplante é prioridade na atual gestão, tivemos uma interrupção de três meses, mas a captação e o ambulatório nunca pararam, conseguimos resolver as questões relacionadas a exames e agora a meta é ultrapassar o número de transplantes do ano passado. O mais recompensador neste processo todo é ver que, por meio de um trabalho sério, é possível mudar a vida das pessoas”, enfatizou o secretário.
A cirurgia foi realizada na segunda-feira (9) e antes de entrarem no centro cirúrgico para o processo de retirada e implante do rim eles, os irmãos falaram sobre esse momento tão significativo para os dois.
“Quando eu descobri que estava com problemas nos rins, a situação já estava grave e o único tratamento era o transplante. Ainda fiz o tratamento conservador por um tempo, e para entrar para a fila do transplante iniciei a hemodiálise conforme é exigido, mas só o transplante poderia me ajudar a ter uma vida normal”, explicou Catiane Marques momentos antes de fazer a cirurgia.
Os irmãos repetiram o teste de histocompatibilidade através do ambulatório da Central de Transplantes Estadual, que deu compatível, possibilitando assim, a doação entre parentes. A partir daí foi realizado uma bateria de exames para saber se ambos estão aptos a passar pelo procedimento.
Fernando Marques, que é mecânico disse que ao saber do resultado, não hesitou em fazer a doação: “Não pensei duas vezes, se ela precisava e eu podia ajudar, jamais deixaria de fazer isso por ela”, afirmou. Fernando também passa bem, continua internado no Hospital de Base, mas no ambulatório.
De acordo com a nefrologista, Nídia Miranda, ele será acompanhado por no mínimo um ano. “Ele ainda fica em observação por alguns dias, até que todas as funções normais estejam restabelecidas e depois ele fará acompanhamento pelo ambulatório de urologia”, detalhou.
A médica ainda explica que no caso da irmã que recebeu órgão, os cuidados são redobrados para evitar infecções e rejeição, por isso ela precisa tomar imunossupressores por um longo período.
DIA MUNDIAL DO RIM
Hoje 12 de março é o Dia Mundial do Rim, uma campanha idealizada pela Sociedade Internacional de Nefrologia (ISN), que tem como objetivo reduzir o impacto da doença renal em todo o mundo. “Saúde dos rins para todos. Ame seus rins. Dose sua creatinina”.
Dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) indicam que em 2019, o Estado de Rondônia registrava 1.049 pacientes renais crônicos que fazem hemodiálise. Entre os serviços oferecidos pela Sesau através do SUS para assistência a estes pacientes estão: a Central de Diálise, que fica no Hospital de Base e o Centro de Diálise de Ariquemes (CDA). Além disso, há empresas contratadas para atender a demanda. A Sesau também oferece o serviço na rede municipal em Cacoal, Ji Paraná e Vilhena.
De acordo com Gilmar Meirelles Nogueira, enfermeiro nefrologista e coordenador estadual do serviço de nefrologia, a Central de Diálise do Estado atende pacientes renais agudo e doentes renais crônicos. Os pacientes são identificados pelo nefrologista e desde que não tenha necessidade de UTI, ele é encaminhado para esta central.
“Em se tratando da campanha precisamos focar na prevenção sempre. A sociedade brasileira de nefrologia deste ano focou a campanha nos exames de rotina principalmente o exame de creatinina que é usado para avaliar a função dos rins. Em níveis elevados, a creatinina pode indicar condições como insuficiência renal, infecção nos rins”, diz Gilmar Meirelles.
A nefrologista Cristela Martins Cereta, alerta para as principais causas de doenças renais crônicas no Brasil. “Levando em consideração as principais causas de doenças renais crônicas no Brasil sendo elas a diabetes e hipertensão arterial, a melhor forma de prevenir seria cuidando destas doenças e procurando assistência médica regular . Pacientes obesos e sedentários também tem uma tendência maior em evoluir com insuficiência renal”, define.
Fonte
Texto: Dislene Queiroz
Fotos: Ítalo Ricardo
Secom – Governo de Rondônia
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