Temporal no baixo madeira alaga lanchas de estudantes

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Temporal no baixo madeira alaga lanchas de estudantes

 

Um forte temporal atingiu nesta quarta-feira as comunidades ribeirinhas de Rondônia, trazendo riscos e prejuízos para famílias e embarcações. O episódio, comum nesta época do ano na Amazônia, ganhou destaque após um vídeo enviado por moradores da comunidade de Nazaré, no Baixo Madeira, mostrar as lanchas escolares — conhecidas como voadeiras — alagadas no porto principal da localidade.

 

O temporal ocorreu pouco antes do horário de saída dos estudantes que diariamente deixam Nazaré rumo às suas comunidades de origem, algumas próximas, outras a várias horas de viagem pelo rio. Nazaré é considerada comunidade-polo e concentra alunos de toda a região.

 

Riscos diários no rio Madeira

Instituições independentes que atuam junto às populações ribeirinhas alertam para a série de perigos enfrentados pelos alunos e pilotos de voadeiras. Além dos temporais, há os chamados arrotos — bancos de areia deixados por garimpos ilegais —, pedrais, praias formadas na seca e até episódios de violência.

 

Moradores relatam que, em uma ocasião recente, uma lancha que transportava estudantes foi confundida com fiscalização e alvejada por tiros de revólver. Felizmente, ninguém ficou ferido.



 

Falta de investimento e histórias de sacrifício

A situação expõe a ausência histórica de investimentos na educação ribeirinha. A implantação de escolas mais próximas às comunidades poderia reduzir os riscos. Atualmente, em localidades distantes, crianças que precisam estar na escola de Nazaré às 7h30 saem de casa entre 5h30 e 6h.

 

Na época da seca, o trajeto se torna ainda mais penoso: além de descer o barranco, os alunos percorrem longas faixas de areia até alcançar as embarcações. Casos de crianças que chegam a ferir e sangrar os pés de tanto caminhar são frequentes.

 

Prejuízos e descaso

Ainda não se sabe se os motores das embarcações atingidas pelo temporal sofreram danos, mas os prejuízos já recaem sobre os estudantes, que dependem desse transporte para garantir o mínimo de dignidade através do acesso à educação.

 

O episódio reacende a cobrança por políticas públicas voltadas às comunidades ribeirinhas.

“Que bom que este temporal não pegou os alunos no meio do rio”, disse um morador.

 

A fala resume o alívio momentâneo, mas também denuncia a rotina de insegurança e abandono que marca a vida de milhares de crianças Ribeirinhas

 

 

 

Fonte: Tullio Nunes