Pesquisa de percepção de médicos aponta que apenas 32,7% dos cardiologistas, endocrinologistas e demais profissionais que atuam no cuidado a pacientes com diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares se sentem capacitados a ajudá-los a cessar o tabagismo. Esse é um dos dados obtidos com o questionário RECEITA DE MÉDICO: o que pensa quem cuida de diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares”, que será apresentado na íntegra no DIACORDIS 2022, em São Paulo.
Uma pesquisa de percepção mostra que 32,7% dos endocrinologistas, cardiologistas e demais especialistas – de áreas médicas relacionadas com o cuidado a pacientes com diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares – se sentem, de fato, capacitados a ajudar o paciente a cessar o tabagismo. Os dados fazem parte da pesquisa de percepção “RECEITA DE MÉDICO: o que pensa quem cuida de diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares”.
Quando questionados sobre qual era a conduta quando o paciente é tabagista, os dados obtidos foram: 32,7% tratam esse indivíduo para apagar o cigarro porque estão capacitados para isso; 16,2% não conseguem tratar, mas gostariam de saber como fazer isso 41,9% indicam medicamentos antitabagismo, mesmo sem ter total capacitação; 37,3% encaminham a um especialista; 25,5% explicam os riscos e pedem que a pessoa tenha força de vontade para parar de fumar; 0,3 afiram que nada fazem e 1% não responderam.
Observamos que, embora estes médicos tratem pacientes com colesterol alto, diabetes, obesidade e hipertensão, poucos se sentem capacitados para tratar o tabagismo, um dos fatores que mais provoca mortes por problemas do coração no mundo. “O médico sabe controlar a pressão, colesterol e diabetes, mas, se ele não consegue que seu paciente pare de fumar, o benefício de controlar esses outros fatores faz bem menos diferença. Chama a atenção, inclusive que um bom percentual dos médicos indica medicamentos antitabagismo, apesar de boa parte deles não de sentir capacitado para isso”, questiona o especialista, que acrescenta. “Cuidar de tudo isso sem olhar para o cigarro é como tentar sanar o financeiro de uma empresa cortando o cafezinho, ou seja, não adianta”, conclui
Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que o tabaco mata até metade de seus usuários. Anualmente, são mais 8 milhões de vidas perdidas. Mais de 7 milhões dessas mortes são resultado do uso direto do tabaco, enquanto cerca de 1,2 milhão são resultado de não fumantes expostos ao fumo passivo. Mais de 80% dos 1,3 bilhão de usuários de tabaco do mundo vivem em países de baixa e média renda.
TABAGISMO E DOENÇAS DO CORAÇÃO
O tabagismo eleva o risco de doença cardíaca coronária, uma doença em que depósitos de gordura compostos de colesterol e outros materiais celulares (coletivamente chamados de placas) se acumulam dentro das artérias coronárias na superfície do coração, levando ao estreitamento das artérias.
Existe uma relação causal bem estabelecida entre o tabagismo e a morbidade e mortalidade relacionadas com doença arterial coronariana. A doença contribui para 9,4 milhões, ou 16,6%, das 56 milhões de mortes anuais globais, sendo que o tabagismo é responsável por 1,62 milhão, ou 18%, das mortes globais por doença coronariana.
PERFIL DOS ENTREVISTADOS – O questionário foi aplicado durante o Congresso ENDODEBATE 2022 e, em menos de 30 dias, teve a adesão de 654 respondentes de 17 especialidades, que atuam nas cinco regiões do país. A análise quantitativa e qualitativa contemplou as categorias geral, endocrinologistas e cardiologistas. Nesta amostra, a maioria dos médicos atende principalmente pacientes das classes A e B, sendo que 401 (61,3%) atuam exclusivamente na rede privada (particular e convênio) e apenas 36 médicos (5,5%) atuam exclusivamente no SUS. Os demais (217/33,2%) conciliam o SUS com atendimento aos pacientes de convênios e particular. Este perfil da amostragem é considerado no momento de interpretação do resultado.
Os dados completos serão apresentados em encontro exclusivo para a imprensa no dia 26 de outubro, véspera do DIACORDIS 2022, evento que acontece de 27 a 29 de outubro no Hotel Bourbon Convention Ibirapuera, em São Paulo. A análise trazida no relatório RECEITA DE MÉDICO passa também por temas como diabetes, obesidade, doença gordurosa do fígado, hipertensão, dislipidemias e doenças cardiovasculares. “Perguntamos também sobre temas frequentes no nosso dia-a-dia, como doença renal crônica, climatério e compulsão alimentar”, ressalta Carlos Couri.
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