Rondônia registra 63 mortes por afogamento nos 11 meses de 2018; aumento é de 14,5%

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No ano passado, bombeiros contabilizaram 55 ocorrências. Mais de 600 pessoas se afogaram em quase 11 anos pelo estado, segundo levantamento da Sesdec.

Sessenta e três pessoas morreram afogadas em Rondônia entre janeiro e novembro de 2018. Em média, é como se houvesse quase seis vítimas por mês. O número de ocorrências já ultrapassou o balanço de 2017, que fechou o período com 55 registros, representando aumento de 14,5% em comparação com o ano passado.

“Isso porque o ano ainda não terminou. Estamos trabalhando para que esse número não aumente cada vez mais”, explicou o subcomandante do Corpo de Bombeiros, coronel Gilvander Gregório, que repassou o levantamento anual da corporação ao G1.

A Secretaria de Segurança, Defesa e Cidadania do Estado de Rondônia (Sesdec) foi mais além. As estatísticas do órgão mostram que mais de 600 pessoas se afogaram entre janeiro de 2007 e outubro de 2018. O ano de 2011 foi o período com maior incidência: cerca de 80 acidentes dessa natureza foram registrados.

Entre janeiro de 2007 e outubro de 2018, quase 90% das pessoas que se afogaram e morreram são do sexo masculino. O restante, pouco mais de 12%, são do feminino.

Percentual de homens é quase 90% maior do que de mulheres. — Foto: Editoria de Arte/G1

Percentual de homens é quase 90% maior do que de mulheres. — Foto: Editoria de Arte/G1

Os números da Sesdec também mostram que as chances de salvamento são remotas. No mesmo período, a secretaria identificou que apenas 11 pessoas conseguiram se salvar entre mais de 600. “É muito difícil alguém se salvar. Geralmente é quando tem alguém perto, mas mesmo assim ainda é difícil, infelizmente”, pontuou o coronel Gilvander Gregório.

O balanço do órgão ilustra, inclusive, o perfil das vítimas. Conforme alguns dos boletins de ocorrência separados pela Sesdec, parte das que foram identificadas e que tiveram as profissões reveladas são estudantes. Agricultores, pescadores e lavradores também estão nesse ranking.

O coronel Gilvander Gregório associa esses índices com falta de conhecimento sobre o local e até o consumo de bebida alcoólica na beira dos rios, por exemplo.

“A maioria dos que se afogam são os mais jovens. Os de mais de idade costumam morrer afogados normalmente por terem bebido e depois pulado no rio. Todo cuidado é pouco. Não se brinca com as águas”, esclareceu.

Municípios

Porto Velho representa cerca de 16% do total de casos de afogamento no estado. Com mais de 100 ocorrências em um intervalo de quase 11 anos, a capital segue em primeiro lugar no quantitativo de acidentes.

Ariquemes, terceira maior cidade de Rondônia, está na segunda posição com 75 afogamentos no período. Candeias do Jamari aparece em terceiro lugar, representando pouco mais de 10% do balanço geral (veja mapa).

Mapa ilustra municípios com maior incidência de afogamentos em quase 11 anos. — Foto: Editoria de Arte/G1

Mapa ilustra municípios com maior incidência de afogamentos em quase 11 anos. — Foto: Editoria de Arte/G1

No Cone Sul, o Corpo de Bombeiros local somou quatro ocorrências por afogamento este ano em rios. Já Cacoal não teve ocorrências em 2018. Mas, em 2017 somou quatro casos na cidade contra três em 2016, demonstrando aumento de 33% entre os períodos.

Os bombeiros de Guajara-Mirim atenderam quatro registros entre 2018 e 2016, mas como “busca de pessoa desaparecida” e não como afogamento. No mês passado, quatro pessoas desapareceram em rios do estado. Segundo a corporação, o motivo é que assim que os casos seguem à Justiça, são questionados se há como comprovar se a vítima morreu afogada.

“Não acredito que ela tenha partido. Meu filho com o Ricardo de 4 anos não acredita que o pai se foi. Ele associa alguns afazeres com ele, chora, tem crises. Mas tenho fé que meu Alemão vai aparecer”, contou, emocionada.

O casal construiu um casamento de oito anos juntos. Jocicleia está grávida de seis meses de Ricardo. De Goias, Ricardo exercia a mesma função que Raimundo, desaparecido com ele.

Dois dias depois, o agente penitenciário Marcos Paulo de Lima Marques, de 28 anos, desapareceu no Rio Madeira. A vítima pescava na comunidade de Cujubinzinho, no Baixo Madeira, quando teria ocorrido o acidente. As buscas pelo agente também foram suspensasdepois de sete dias de resgate.

Marcos Paulo de Lima Marques desapareceu no Rio Madeira durante pescaria com amigo. — Foto: Divulgação/Sistema penitenciário

Marcos Paulo de Lima Marques desapareceu no Rio Madeira durante pescaria com amigo. — Foto: Divulgação/Sistema penitenciário

No mês passado no rio Guaporé, um adolescente de 16 anos acabou morrendo após subir em uma pedra e mergulhar no rio. Porém, acabou escorregando e desapareceu nas águas. O jovem chegou a ser encaminhado a um hospital de Costa Marques assim que foi encontrado, mas já estava sem vida.

Jovem de 16 anos morreu afogado no Rio Guaporé após subir em pedra e escorregar. — Foto: Divulgação/ Corpo de Bombeiros

Jovem de 16 anos morreu afogado no Rio Guaporé após subir em pedra e escorregar. — Foto: Divulgação/ Corpo de Bombeiros

Há quatro meses, outro adolescente de 16 anos foi vítima fatal de afogamento. Dessa vez, o acidente aconteceu próximo a ponte do Rio Jamari, na BR-421. Na ocasião, a vítima e outros três amigos se deslocaram até o Balneário do Cipó.

A vítima não conseguiu retornar às margens do rio após enfrentar uma correnteza, segundo o Corpo de Bombeiros local.

Rio Jamari, próximo de Ariquemes. — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Rio Jamari, próximo de Ariquemes. — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Durante uma travessia de balsa há um mês, o médico Marciano Rafael da Silveira, de 66 anos, caiu no Rio Machado e desapareceu.

Ele e outros dois amigos faziam a travessia do rio em uma balsa para irem até uma fazenda. Após um dia de buscas, o corpo dele foi encontrado.

Rio Machado em Ji-Paraná, RO — Foto: Marco Bernardi/G1/Arquivo

Rio Machado em Ji-Paraná, RO — Foto: Marco Bernardi/G1/Arquivo

 

 

 

Fonte: G1/RO