- Roça sem Fogo promove aumento de produtividade, conservação do solo e evita emissões de gases de efeito estufa
- Aliado à implementação de Sistemas Agroflorestais, programa Florestas de Valor, com patrocínio da Petrobras, promoveu impacto climático positivo de 2.509 toneladas de carbono em Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) na Amazônia.
Com o mundo buscando soluções para a crise climática, será cada vez mais necessário encontrar alternativas para os modelos agrícolas atuais de produção que resultam em emissões de gases de efeito estufa. Mas, se muitas vezes a transição demanda novas tecnologias e grandes investimentos, em alguns casos soluções de baixo custo e complexidade já existem, faltando apenas ganhar escala para gerar maiores impactos.
Um exemplo de alternativa sustentável de produção é o modelo de Roça sem Fogo. Desde 2016, com patrocínio da Petrobras, o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), por meio do programa Florestas de Valor, contribui para a implementação da metodologia no norte do estado do Pará, com foco no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Paraíso, no município de Alenquer. “Tradicionalmente, os agricultores utilizam o método de limpeza do terreno para a plantação conhecido como corte e queima. Além de ser tradicional, em um primeiro momento o método é mais barato. Mas ele traz o impacto de alta emissão de gases de efeito estufa que contribui para o aquecimento global”, explica Jonas Gebara, coordenador de projetos do Imaflora.
Além da emissão de gases, a técnica pode causar a mineralização do solo, fazendo com que ele fique endurecido, perca a qualidade e fique exposto a erosões. Com a perda da qualidade do solo ocasionada pelo uso do fogo, a produtividade vai caindo, reduzindo o tempo de utilização dessas áreas, conforme explica Jonas. Já com a Roça sem Fogo, aliado a técnicas corretas de manejo e aspectos como o uso de adubação verde, ocorre o inverso: em três anos um solo degradado se recupera, resultando na melhora da eficiência agrícola, na produtividade e numa colheita que gera renda o bastante para que o agricultor possa preparar a roça do ano seguinte. Além disso, ao invés de emitir, o processo gera a retenção de gases de efeito estufa. Na capoeira – que é a vegetação secundária que cresce em áreas desmatadas -, acumulada ao longo de um ano, existem cerca de sete toneladas de carbono estocados.
Além dos efeitos nocivos para o clima e para o solo, com consequências para a produtividade, o uso do fogo também pode gerar incêndios não intencionais, com consequências para a propriedade do agricultor, para unidades vizinhas e áreas florestais. O programa Florestas de Valor já conseguiu levar a implementação do Roça sem Fogo para 56 hectares, com cerca de 50 famílias beneficiadas. Após a implementação, as áreas são acompanhadas pelo Imaflora, para verificar se todos os critérios estão sendo seguidos e se há necessidade de qualquer auxílio por parte dos produtores, como treinamentos e capacitações. Em seu ciclo anterior mais recente, entre os anos de 2018 e 2020, as ações de implantação e manutenção de áreas sustentáveis de produção agrícola tiveram um impacto climático positivo de 2.509 toneladas de carbono que deixaram de ser emitidas com a adoção da prática da Roça sem Fogo ou foram removidas da atmosfera pelo crescimento de espécies arbóreas cultivadas nos sistemas agroflorestais.
Jonas entende que o programa se divide em três aspectos: sensibilização, execução e comprovação. “A sensibilização acontece quando o produtor percebe o efeito na prática, vendo os resultados de vizinhos, por exemplo; daí partimos para a execução. Já a comprovação dos benefícios é feita por meio de estudos, que podem influenciar a adoção da prática em políticas públicas”, afirma. O Florestas de Valor vem trabalhando em uma metodologia para realizar o inventário de emissões do projeto e demonstrar seus resultados.
Os próximos passos são a implementação de sistemas sustentáveis de produção agrícola, que incluem o Roça sem Fogo em mais 180 hectares até 2024. Atualmente são 117 hectares entre Sistemas Agroflorestais (SAFs) e Roça sem Fogo, e a meta é chegar a 314 até 2025. Para a formação dos SAFs foram plantadas 50 mil mudas e beneficiadas mais de 169 famílias.
Por: Comunicação e Projetos
Deixe seu comentário