As escolas se preparam para o retorno às aulas gradativamente com o declínio da pandemia.
Sem sombras de dúvidas, a educação básica foi extremamente atingida com a pandemia. Essa afirmação parte tanto de quem defende o retorno das aulas para o início do segundo semestre de 2021 (agosto) quanto àqueles que acreditam que um possível retorno só a partir do próximo ano.
Fabiana Barbosa está preocupada com o filho, Gustavo, de 10 anos, que ainda não aprendeu a ler.
“A pandemia veio e ele ficou o ano inteiro sem fazer praticamente nada. Eu não tenho computador, ele não tem telefone, a gente também não tem internet, e ele ficou muito pouco tempo com a aula online”, disse Fabiana.
Os prejuízos para o desenvolvimento do aprendizado atingiram alunos de todas as idades e ampliaram as diferenças que já existiam antes do fechamento das escolas.
Será possível recuperar o tempo perdido? Resgatar os alunos que abandonaram os estudos? Esse questionamento, de Norte a Sul do Brasil, ainda não é possível uma resposta à altura dos impactos causados pela pandemia.
Acolhimento dos alunos, nova formação de professores, avaliação de aprendizagem dos alunos, processo de reforço e recuperação e mais esforço para os alunos que mais precisam, que são os mais pobres, mais vulneráveis.
“Boa parte dos estados brasileiros ainda se encontra com as escolas fechadas. Em todo esse período, nós tivemos uma ausência de uma coordenação nacional, e não só para a retomada das aulas, mas também para realização de atividades no formato híbrido”, afirmou Vitor de Angelo, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação.
Daniele Silva espera uma solução para o filho Iago, de 5 anos.
“Quando eu não estou em casa, quando eu estou fazendo um bico de faxina, qualquer coisa que apareça, está sendo uma grande dificuldade de apresentar para ele todas as matérias porque eu não sei ensinar. Está sendo difícil para mim”, desabafou Daniele.
O desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças e adolescentes atingidos por esses longos meses de afastamento físico das escolas serão sentidos e percebidos por longos anos.
Com o início da pandemia em março de 2020, rapidamente as escolas se esvaziaram. Tudo muito complexo de se entender e compreender. As escolas estaduais e municipais não estavam preparadas para esse desafio imposto.
Como será realmente a escola pós-pandemia?
Ambientes virtuais de aprendizagem por meio de plataformas digitais foi o caminho encontrado naquele momento.
O ponto negativo foi a não inserção de milhões de alunos que, ao decorrer os meses da pandemia, não conseguiram acompanhar o novo ritmo imposto pela pandemia e acabaram desistindo de continuar os estudos. A evasão escolar no Brasil foi uma das maiores do Mundo.
O maior desafio para os gestores da educação será o de projetar ações corretivas para o futuro em sala de aula. Diagnóstico para aferir o déficit dos alunos no processo de aprendizagem é o primeiro passo para que o prejuízo não se torne maior e se agrave no futuro.
Em Rondônia, os pais consultados pela jornalista Victoria Bacon, foram unânimes em afirmar que a maior preocupação está na recuperação das aulas e do prejuízo a seus filhos e filhas. Esse processo de recuperação irá variar de escola para escola, sendo que os gestores da educação pública deverão dar maior atenção às escolas com os menores índices no IDEB, por exemplo, para que se possa construir melhor e eficazmente um plano de ação.
O aumento da carga horária é uma das medidas que poderá diminuir os prejuízos causados, com turnos inversos e reforço extra-aula. Os pais consultados pela jornalista acreditam que as escolas não conseguiram resolver esses problemas sozinhas. A integração no eixo família-escola-tecnologias será o ponto de partida para que consiga os êxitos necessários.
Independente de classe social ou se a escola é periférica ou não, os pais tiveram que participar com muito mais intensidade da educação escolar dos seus filhos. Enquanto a escola era vista antes da pandemia como a única responsável pela formação intelectual escolar dos filhos, com o advento da Covid-19, os pais viram o quanto o trabalho da escola é imprescindível para as crianças e adolescentes e quanto importante é o papel do professor na vida dos seus filhos.
A educação exigirá uma recuperação diferente de tudo o que se viu até hoje. Será muito mais complexo que a recuperação da economia.
Fonte: Victoria Bacon
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