Relatório do MapBiomas mostra quantidade de alertas e áreas desmatadas nos seis biomas brasileiros. Conforme dados, Rondônia é o quarto estado do país que mais desmatou no ano passado.
O desmatamento nos seis biomas brasileiros cresceu 13,6% em 2020, atingindo uma área de 1.385.300 hectares. Desse total, 61% estão na Amazônia, conforme uma análise de alertas de desmatamento no país publicada este mês pelo Projeto MapBiomas.
Segundo os dados, somente 50 municípios formam 37,2% dos alertas e 49,2% da área desmatada no país. Eles são liderados por três cidades:
Altamira (PA), com 60.608 hectares de área desflorestada;
São Félix do Xingu (PA), com 45.587 hectares;
Porto Velho (RO), com 44.076 hectares.
No ranking de desmatamento por estado, Rondônia fica em quarto lugar, com 10,5%. O estado do Pará ocupa a primeira posição, com 26%, seguido do Mato Grosso, com 13%, e do Maranhão, com 12%.
Ao todo, entre os biomas, o desflorestamento cresceu 9% na Amazônia, 6% no Cerrado, 43% no Pantanal, 99% no Pampa, 125% na Mata Atlântica e 405% na Caatinga, bioma que agora conta com novo sistema de detecção por satélite só para ele. Dos 20 municípios mais desmatados, somente três ficam fora da Amazônia.
Para chegar a esses dados, o sistema MapBiomas cruzou informações de cinco sistemas de detecção em tempo real por satélite e confirmam com imagens de alta resolução com o auxílio de inteligência artificial.
O cruzamento revela que quase 99,4% dos alertas de desmate na Amazônia emitidos em 2020, têm um ou mais indícios de ilegalidade, seja falta de autorização no sistema do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), seja sobreposição com áreas protegidas, planos de manejo florestal sustentável ou desconformidade com o Código Florestal.
No entanto, os dados apontam que apenas 2% dos alertas e 5% da área desarborizada entre 2019 e 2020 sofreram multas ou embargos pelo Ibama. No caso da Amazônia, nos 52 municípios considerados críticos pelas políticas do Ministério do Meio Ambiente, 2% dos alertas e 9,3% da área desmatada tiveram ações de punição. Nos 11 municípios definidos pelo Conselho da Amazônia como mais prioritários, 3% dos alertas e 12% da área desflorestada tiveram ações desse tipo.
Os dados do MapBiomas mostram que em pelo menos dois terços dos alertas na Amazônia é possível identificar os responsáveis pelo desmatamento. Isso porque 69,2% das detecções validadas têm sobreposição total ou parcial com áreas inscritas no Cadastro Ambiental Rural (CAR).
O relatório também apresenta um cálculo da velocidade do desmatamento, que possibilitou estimar quanto o Brasil perdeu de cobertura vegetal nativa a cada dia de 2020. Em média, foram 3.795 hectares desflorestados diariamente, o que dá uma perda de 24 árvores a cada segundo durante todo o ano. O dia mais crítico no país foi 31 de julho, quando foram desmatados 4.968 hectares, quase 575 m² por segundo.
MapBiomas
O MapBiomas Alerta é uma iniciativa do consórcio MapBiomas, formado por mais de 20 organizações incluindo ONGs, universidades e empresas de tecnologia.
Os alertas passam por processo de validação, refinamento e definição da janela temporal de ocorrência do desmatamento a partir de imagens de satélite diárias de alta resolução espacial. Em seguida, é realizado o cruzamento do dado de desflorestamento com recortes territoriais (como biomas, estados e municípios), recortes fundiários (Cadastro Ambiental Rural, Unidades de Conservação e Terras Indígenas, por exemplo), situação administrativa (como existência de autorização, autuação ou embargo) e elaborados laudos para cada alerta de desmatamento.
Por: Beatriz Galvão/G1 RO
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