Reintegração de posse acontece na mesma área onde militar da Força Nacional foi morto em conflito em 2013. PF apurou que organização criminosa desmatava e loteava unidade de conservação.
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira (10) a operação Bom Futuro, com objetivo de desarticular um grupo que loteava terras dentro da Floresta Nacional Bom Futuro, localizada ao norte de Rondônia. Ao todo, são cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e quatro de busca e apreensão.
Segundo a PF, as investigações começaram em 2018, após a prisão de vários invasores em uma área conhecida como Acampamento Boa Esperança. O objetivo do inquérito era apurar a existência de uma organização criminosa que desmatava e loteava terras na Flona.
Ainda de acordo com a polícia, a organização criminosa era responsável por diversas práticas ilícitas numa área invadida da União que ultrapassa 500 hectares da Unidade de Conservação Federal.
A investigação, conforme a PF, conseguiu identificar os líderes do grupo, responsável por cadastrar as famílias, demarcar os lotes, recolher mensalidades, comprar mantimentos para os invasores e fazer a degradação necessária para a instalação das famílias. Eles também contratavam advogados para a defesa dos presos durante as fiscalizações.
Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal em Porto Velho, que também determinou o bloqueio e sequestro dos bens dos investigados e autorizou a destruição de máquinas e equipamentos encontrados em locais proibidos, desde que a medida seja necessária para evitar o uso indevido e não seja possível a guarda e o transporte.
Se confirmadas as práticas, os presos podem ser enquadrados nos crimes de estelionato, incitação ao crime, associação criminosa, invasão de terras públicas, dano à unidade de conservação, desmate ou degradação de floresta em terra pública e organização criminosa.
A PF divulgou que cerca de 200 agentes estão envolvidos em uma operação de reintegração de posse na área nesta terça-feira. A ordem judicial de retomada da área é executada pela Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Federal, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), Ministério Público Federal, Exército Brasileiro e Prefeitura de Porto Velho.
A determinação de reintegração da área ocorre após uma ação ajuizada pelo ICMbio.
Histórico de invasões
A área do Acampamento Boa Esperança já havia sido alvo de invasão em 2013. Na época, uma operação de retomada na reserva ficou marcada pelo conflito entre policiais e invasores e predeu 10 pessoas e 18 motocicletas.
Segundo a Polícia Federal, após a operação, a população, se revoltou e como represália, queimou pontes para isolar os servidores envolvidos e incendiou um caminhão do Instituto Chico Mendes da Conservação de Biodiversidade (ICMbio). Um prédio novo que seria uma base da Polícia Militar (PM) também foi incendiado.
O conflito aumentou e a Companhia de Operações Especiais da PM precisou usar meios menos letais para forçar a passagem da equipe.
A PF e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram chamadas para reforçar a segurança. A Força Nacional também foi solicitada e começou a atuar na região.
No distrito de Rio Pardo, os militares foram encurralados e um dos policiais acabou sendo morto.
Por G1 RO — Porto Velho
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