Apelidado de “Celeiro de Rondônia”, com 51,7 mil habitantes, 2,9 mil km², Jaru completa 40 anos nesta quarta-feira (16), movimentando operações de crédito bancário superiores a R$ 680 milhões. A 292 quilômetros de Porto Velho, a vila surgiu a partir de um dos postos telegráficos instalado em 1912 pela Comissão da Linha Telegráfica Estratégica Mato Grosso/Amazonas, chefiada pelo então coronel Cândido Mariano da Silva Rondon.
Em 1915, após passar alguns dias com sua família no Rio de Janeiro, o marechal Rondon viajou para o Rio Madeira, a fim de examinar as frentes de trabalho da Seção Norte: Guajará-Mirim, no rio Mamoré, e Jaru, no rio com a mesma denominação. A inspeção iniciou na vila de Santo Antônio, onde a estação foi instalada; seguiu depois para a estação de cachoeira do Samuel (distante 54 quilômetros de Santo Antônio); daí passou por São Pedro, Karitiana, Bom Futuro e Ariquemes, nas margens do rio Jamari e, finalmente, a do Jaru.
Todas essas estações telegráficas funcionaram interligadas às estações da Seção do Sul: Presidente Pena, Presidente Hermes, Pimenta Bueno, Barão de Melgaço, José Bonifácio e Vilhena. Emancipado em 1981, o município faz divisa com Cacaulândia, Ouro Preto do Oeste, Nova União, Governador Jorge Teixeira, Mirante da Serra, Theobroma, e Vale do Paraíso.
Teve célebres personagens entre os anos 1970, entre os quais, o seringueiro José Rodrigues Sobrinho; o barbeiro poeta Vicente; e o padre Adolpho Roh, e cada um deles protagonizou um pouco da síntese da região indígena e rural por onde transitou o presidente da República João Baptista de Oliveira Figueiredo.
Acompanhado do general Danilo Venturini, então ministro extraordinário de Assuntos Fundiários; do ministro da Agricultura Amauri Stábile; e do presidente do Incra, Paulo Yokota, João Figueiredo foi o único presidente a honrar colonos com a distribuição de títulos definitivos de terras, em ato solene na Unidade da Companhia Brasileira de Armazenamento em Ouro Preto, no ano de 1983.
Colonos de Jaru e de Ouro Preto lotaram o armazém, cujas faixas de tecido, no alto, estavam pintadas com frases de agradecimentos ao presidente.
O chamado Vale do rio Jaru, ocupado por antigos seringais e seringueiros desde o século XIX, estendeu seus domínios desde o rio Jaru, afluente da margem esquerda do rio Ji-Paraná, até às margens do alto curso do rio Madeira.
Não foi nas águas do rio, mas numa montanha na zona rural, que milhares de garimpeiros vindos de diversas regiões brasileiras extraíram ouro no município. Inspirados na Serra Pelada paraense, colocaram o nome na jaruense de Serra Sem Calças, de onde eles tiravam, em média, dez quilos de ouro por semana.
INFLUÊNCIA
Em 1915, a Comissão Rondon estudou o rio Jaru, cuja ocupação ocorreu a partir da instalação do Projeto Integrado de Colonização Padre Adolpho Rohl, pelo Incra, em 1975.
Esse padre alemão pertencente à Congregação Salesiana foi um dos religiosos mais influentes na história recente dos municípios de Ji-Paraná e Jaru, entre as muitas que se destacaram o cumprimento da fé.
Padre Adolpho chegou em 1949 ao distrito de Vila Rondônia ([ex-Urupá e depois Ji-Paraná], a fim de trabalhar na evangelização católica. Foi ele quem ergueu a primeira capela do distrito de Vila Rondônia para a pequena comunidade ali existente, e construiu o Colégio Dom Bosco e o Hospital Nossa Senhora Aparecida, utilizando recursos de doações de parentes e admiradores alemães. A idealização da Igreja Matriz Dom Bosco, em Ji-Paraná também foi uma obra dele.
EMANCIPAÇÃO POLÍTICA
Em 11 de outubro de 1977, no mesmo dia em que o então presidente Ernesto Geisel assinava a lei da divisão do Estado de Mato Grosso, criava-se o distrito de Jaru, pela Lei 6.448. Sandoval de Araújo Dantas foi nomeado seu primeiro administrador, permanecendo no cargo até 1979, quando foi substituído por Sebastião Ferreira Mesquita.
Sucederam-se diversos apelos pela emancipação, e ela veio pela Lei 6.921, de 16 de junho de 1981, embora a instalação ocorresse somente em 7 de novembro daquele ano, quando o engenheiro agrônomo Raimundo Nonato da Silva foi nomeado o primeiro prefeito, com mandato de 7 de novembro de 1981 a 31 de janeiro de 1983. Aí, tomou posse o primeiro prefeito eleito em 1982, Leomar José Baratela.
2021
Em abril, a Superintendência Estadual de Turismo (Setur) levou a Jaru o programa “Viva Rondônia”, com ações promocionais e o fortalecimento de ações que também contemplem esse município. A Setur reuniu hoteleiros e donos de pousadas, agentes de viagem, e dirigentes de turismo, o programa oferece um conjunto de ações de governança para capacitar, formar, construir, fortalecer e criar laços com todos os atores envolvidos nas atividades turísticas.
Em maio, o Departamento Estadual de Estradas de Rodagem e Transportes (DER) anunciava a continuidade da manutenção de estradas pavimentadas em Jaru. Ao todo, mais de 200 quilômetros foram recuperados ou pavimentados pela equipe da Usina de Asfalto de Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ).
Também naquele mês, no dia 4, o governo do Estado entregava o Centro Regional de Ressocialização Augusto Simon Kempe, com 7.506,25m², 44 celas coletivas comuns para oito internos cada, e outras quatro celas coletivas com acessibilidade para quatro internos, seis individuais, duas para triagem para oito internos, uma cela para triagem com acessibilidade para quatro internos e mais três celas individuais para triagem com acessibilidade.
ESTATÍSTICA
PIB: R$ 1,31 milhão
Renda per capita: R$ 28,4 mil
IDH: 0,689 (2010)
Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Esio Mendes, José Marins e Secom. Arte: Andrey Matheus
Secom – Governo de Rondônia
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