Mesmo com quarentena, assassinatos sobem quase 10% no semestre e Rondônia tem o pior índice em 3 anos

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Foram 237 assassinatos entre janeiro e junho de 2020. No mesmo período do ano passado, o estado registrou 216 mortes violentas

Os assassinatos ao longo do primeiro semestre de 2020 tiveram um aumento de 9,75% em Rondônia, em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com levantamento do projeto Monitor da Violência, do G1.

Entre janeiro e junho de 2019, o estado teve 216 mortes violentas. Já nos seis primeiros meses deste ano foram 237 assassinatos. Ou seja, são 21 assassinatos a mais.

ANÁLISE: Nem o coronavírus freou os homicídios

O aumento de mortes acontece mesmo durante a pandemia do novo coronavírus, que fez com que Rondônia adotasse diversas medidas de isolamento social. Ou seja, houve alta na violência mesmo com menos pessoas nas ruas.

Ainda segundo o levantamento do Monitor da Violência, 2020 teve o semestre mais violento em Rondônia em relação aos últimos três anos. Três meses deste ano se destacaram pelos alto registros: janeiro e fevereiro (cada um deles teve 48 assassinatos em 30 dias) e junho, quando houve 45 mortes violentas.

Desde 2018, o estado rondoniense não registrava um mês de junho com mais de 40 assassinatos (veja o gráfico abaixo).

Comparação das mortes violentas em Rondônia

Dados correspondem ao período de 2018 e 2019

O crescimento dos homicídios aconteceu em vários estados no 1° semestre de 2020. Em relação a Brasil, a taxa de crescimento nacional é de 6%.

PÁGINA ESPECIAL: Mapa mostra assassinatos mês a mês no país

Para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, parece evidente que o aumento significativo dos homicídios em vários estados tem a ver com disputas de grupos criminais organizados e que, diante de um momento como esse e com polícias focadas em pautas corporativistas, a correlação de forças pode ser alterada por novas disputas e/ou acordos.



“Dito isto, é triste constatar que, mais do que compreender a ação estatal, tem sido a ação do crime organizado que mais influencia nas dinâmicas da violência letal no Brasil, ficando o Estado refém de grupos criminosos que finge que controla. Entre as razões para isso, constatamos que segurança e política são duas esferas fundamentais da vida pública de um país, mas, quando misturadas por projetos de poder, como tem ocorrido nos últimos anos, tendem a se anular e, nas ruas e nas casas, tendem a potencializar o medo, o crime e a violência. Nem a pandemia da Covid-19 mudou essa trágica realidade”.

 

Como o levantamento é feito

 

A ferramenta criada pelo G1 permite o acompanhamento dos dados de vítimas de crimes violentos mês a mês no país. Estão contabilizadas as vítimas de homicídios dolosos (incluindo os feminicídios), latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. Juntos, estes casos compõem os chamados crimes violentos letais e intencionais.

Jornalistas do G1 solicitam os dados, via assessoria de imprensa e via Lei de Acesso à Informação, seguindo o padrão metodológico utilizado pelo fórum no Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

O governo federal anunciou a criação de um sistema similar ainda na gestão do ex-ministro Sergio Moro, em março do ano passado. Os dados, no entanto, não estão atualizados como os da ferramenta do G1.

Os dados coletados mês a mês pelo G1 não incluem as mortes em decorrência de intervenção policial. Isso porque há uma dificuldade maior em obter esses dados em tempo real e de forma sistemática com os governos estaduais. O balanço de 2019 foi realizado dentro do Monitor da Violência, separadamente, e foi publicado em 16 de abril. O de 2020 ainda será feito.

 

Fonte: G1