Luzivania Viana Silva, 43 anos, dona de casa, moradora do setor 04, mora próximo à casa onde Mayara Duarte tirou a própria vida, na última segunda-feira, 09. Ela tem uma filha adolescente que também é depressiva, em tratamento. Como se trata de um caso de alta complexidade, a competência do tratamento e acompanhamento deve ser de um psiquiatra.
Em entrevista ao Jornal Eletrônico Portal P1, Luzivania faz o seguinte apelo:
“Gostaria de pedir uma atenção especial por parte do poder público para essas pessoas, que estão desassistidas em nosso município. Há muito tempo não temos psiquiatra na cidade e quem não tem condições de pagar um profissional particular, fica sem atendimento. O pai de minha filha é responsável por pagar o tratamento dela, que não é barato. Além do alto valor da consulta, tem o custo com medicamentos e viagens de ida e volta à Ji-Paraná”.
Luzivania se mostrou muito preocupada com o número de suicídios que acontecem por conta da depressão. “Fico preocupada porque sei que muitos casos terminam assim. Fico o tempo todo ao lado da minha filha, atenta a tudo o que ela faz. O apoio e a compreensão da família são importantes, porém, sem a ajuda e orientação de um profissional, tudo se torna mais difícil pra família e pra quem é depressivo. Não tem sido fácil, mas a gente vai se virando. Imagina a situação das pessoas que não podem, sequer, pagar uma consulta!”
Adolescente, de 16 anos de idade, que faz acompanhamento com um psiquiatra em Ji-Paraná, destaca a importância de um profissional no processo do tratamento
“Além dos medicamentos corretos, as orientações e conselhos de um profissional fazem toda a diferença para quem é depressivo. Sofremos críticas de muitos à nossa volta, mas só o apoio da família não é o suficiente para sairmos dessa situação. Jaru tem muita gente carente com depressão, e, se a saúde pública não pode atender essa população, o número de casos com suicídio pode até aumentar”.
O Portal P1 procurou a Secretária de Saúde Municipal, Tatiane de Almeida Domingues, em seu gabinete. Ela esclareceu o seguinte: “Sempre que possível, nós deixamos bem claro que atendimentos de alta complexidade não são de responsabilidade dos municípios. Quem cuida disso é o governo do estado. Aqui em Jaru, nós fazemos o agendamento e o atendimento é feito em Porto Velho. Ainda assim, não nos furtamos de contratar um psiquiatra. Já foram abertos três processos seletivos, com salário compatível ao do estado, mas até agora não conseguimos fazer essa lotação. Inclusive, neste momento, existe um edital aberto e estamos em busca deste profissional.
Tatiane de Almeida acrescentou: “Neste momento temos psicólogos atendendo nos seguintes postos de saúde: Carlos Chagas, Ruth de Souza, Osvaldo Cruz e CAPS. Contamos também com a presença de um Clínico Geral, que faz a prescrição de medicamentos. Além disso, temos o atendimento itinerante no distrito de Tarilândia. Pegamos o município com apenas um psicólogo atendendo no CAPS, hoje, temos quatro pontos de atendimento, além do CAPS, e mais um profissional no hospital para atender aos internos, urgências e emergências. Temos também o atendimento domiciliar para pacientes específicos, como acamados, por exemplo. E quem precisar, pode procurar o posto de saúde mais próximo, porque os profissionais estão em plena atividade”.
Jornal Eletrônico PortalP1 – Rick Silva
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