Resumo da matéria.
Após 60 anos da inesperada renúncia do então um dos presidente mais populares da história, Jânio Quadros (25/08/1961),o Brasil encontra-se com um Presidente popular, que vai às ruas, fala com o povo e vem sendo bombardeado pela oposição. Jânio tentou, em vão, o apelo das massas populares para lhe apoiar na crise institucional de 1961 e, não obtendo o apoio nas ruas, renunciou. Bolsonaro, ao contrário de Jânio, conta com o apoio de seguidores e uma militância ainda muito forte, organizada e fiel.

Neste 25 de agosto de 2022 completa 60 anos de uma crise institucional que terminou com a intervenção militar na República, com a saída inesperada do então presidente Jânio que, renunciou após 7 meses de mandato na Presidência da República e pegou o país de surpresa.
Jânio vinha de uma vitória esmagadora nas urnas. Era a esperança do Brasil que lutava contra a cultura da corrupção e dos privilégios dos poderosos. Conservador nas ideias, porém, confuso politicamente, Jânio chegou a condecorar Che Guevara, mostrando o seu lado mais para a esquerda, causando uma certa agonia entre as famílias brasileiras, tão tradicionais e conservadoras das décadas de 50/60. Conseguiu irritar os partidos conservadores mais para a direita, como a UDN que, a partir da condecoração dada a Che pelo presidente, iniciou uma guerra contra Jânio Quadros.
Sua campanha presidencial culminou em levar multidões a seu encontro nos famosos comícios, até porque o Brasil de então não disponibilizava de Internet e redes sociais, tão usada na campanha presidencial de Jair Bolsonaro que o carregou a vitória.
Pressionado pela mídia tradicional (rádios e jornais impressos), pelo Congresso e lideranças de todas as vertentes sociais, Jânio não aguentou a pressão. Estava isolado politicamente naquele 1961 e, exatamente há seis décadas, renunciou com uma carta entregue à nação e lida nas principais emissoras de rádios do país: “carta-renúncia: “sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração”.
Jânio pensou que, teria o apoio dos milhões de brasileiros que lhe confiaram o cargo de Presidente da República do Brasil e, com seu ato para ele de herói, frustrou-se e, acabou recuado e, levando o país para um caos econômico e social que acabou terminando três anos depois com a entrada dos militares no comando da República.

Bolsonaro sofre assim como Jânio, pressões vindas de todos os lados porém, diferente do próprio Jânio, o presidente Bolsonaro conseguiu manter fiel seu eleitorado e parte dele se transformou em soldado nas redes sociais e manifestações favoráveis ao Governo que entrou numa crise institucional assim como aquele que culminou na reinicia de Jânio Quadros.
Bolsonaro escreveu e falou semelhanças à Jânio durante esses 2 anos e 8 meses à frente do comando da República Brasileira.
- “Políticos, servidores-sindicalistas, sindicalistas de toga e grupos empresariais”.
A frase de Bolsonaro remete às forças ocultas presente na carta renúncia de Jânio.
- “Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior”.
A frase de Bolsonaro se refere à frase de Jânio expressa na carta: “Desejei um Brasil para os brasileiros”.
- ” Não desejo este cargo a meu pior inimigo, mas conto com a força e apoio de vocês, meus eleitores.
A frase remete ao trecho da carta: “Se permanecesse, não manteria a confiança e a tranquilidade”. Neste caso, diferente de Bolsonaro, Jânio mostrou fraqueza e vitimou-se afim de garantir o apoio das ruas. Não houve esse apoio e ele renunciou.
Bolsonaro movimenta-se com os seus milhões de apoiadores para pressionar, mas ruas no próximo dia 7 de setembro “o último recado” e também nas redes sociais.
Jânio não tinha instrumentos tecnológicos à época para ecoar às multidões e principalmente no seu eleitorado o que lhe custou a renúncia e uma crise institucional sem precedentes. Arriscou tudo, deu tirou no alvaro em vez do alvo e perdeu o jogo. Bolsonaro e Jânio obtiveram um percentual de eleitorado muito parecidos. Cada um venceu com 55% dos votos do Brasil.
Como terminará as lições de 60 anos depois da renúncia de Jânio e a entrada do Brasil na era militar? Com Bolsonaro repetiremos a história?

Bolsonaro e Jânio, separados por 60 anos depois.
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