Léia Leandro ficou conhecida principalmente nos anos 90 e parte dos anos 2000 em Porto Velho, capital de Rondônia, onde disputou cargos políticos em eleições e, com um megafone, percorria as ruas do centro da capital anunciando suas propostas polêmicas e inovadoras. Lutava contra um câncer há anos e sempre otimista e feliz com a vida. Deixa esposo, filhos e netos. Também deixa uma legião de admiradores e simpatizantes que a conheceram pela sua forma única e verdadeira de ser. Nossa homenagem!
Em julho de 2019 o canal da jornalista Victoria Bacon prestou homenagem à Léia Leandro que pode ser conferida acessando. Leia Leandro, um ser humano incrível, uma das primeiras pessoas que conheci ao chegar em Porto Velho em 2004, faleceu vítima de câncer neste domingo, 29 de agosto de 2021.
Leia ficou conhecida pela polêmica na política quando andava pelas ruas do centro da capital de Rondônia com um megafone, na ocasião candidata a vários cargos políticos desde os anos 90. Leia era formada em teatro pela Universidade Federal de Rondônia e também funcionária pública do Governo de Rondônia desde o início dos anos 90.
Deixa esposo, filhos e netos. Deixa principalmente a saudade nos corações de quem conviveu com esse ícone da nossa Porto Velho.
Léia concedeu entrevista para a jornalista Victoria Bacon em 2019 onde falou sobre sua vida, desafios, política, polêmicas e a importância da família ao descobrir o câncer. Lutou como uma guerreira até o fim da sua vida terrena neste domingo do Senhor.
O velório ocorrerá na funerária Dom Bosco em Porto Velho, na Avenida Pinheiro Machado, 1964.
A história de Léia Leandro… .
Léia Leandro, quem é de Porto Velho e viveu intensamente os anos 90, lembra dessa figura carismática, irreverente e simplesmente polêmica daquela época.
Ela é uma legítima portovelhense. Nasceu no ano de 1962 em 07 de dezembro na Maternidade Municipal. Sua família migrou do nordeste brasileiro no início do século passado para Porto Velho afim de conquistar novos horizontes, desafios e principalmente seus avós fizeram parte dos milhares de brasileiros que vieram construir a Estrada de Ferro Madeira Mamoré. Foi criada no bairro Arigolandia, um dos primeiros de Porto Velho, e seu sonho era ser atriz desde sua infância.
- Ela fugiu com os trapalhões.
Sim, Léia nos contou que nos anos 70, os trapalhões da TV ainda não eram conhecidos. Eles tinham um circo e vieram se apresentar em Porto Velho. Ela, ainda menor de idade, decidiu fugir com eles, após participar como figurante de apresentação circense durante os três dias que eles estiveram em Porto Velho. Acabou indo para o Rio de Janeiro e lá ficou por 15 anos fazendo o que mais gosta que é Arte. Participou de filmes e peças teatrais na cidade maravilhosa nos anos 70 e 80.
- Participou até de novelas da Globo.
Nos anos 80, Léia foi figurante de novelas famosas da Globo como Guerra dos Sexos e Sol de Verão. Lá no Rio engravidou e então decidiu parar com a vida de artista e dedicar-se à maternidade e à família e resolveu retornar a sua Terra Natal, Porto Velho, ainda nos anos 80.
- Porto Velho, novos desafios no final dos anos 80 e 90.
Quando retornou a Porto Velho, Léia foi contratada para atuar com menores abandonados que não tinham família ou um lar. Decidiu colocar em prática um projeto unindo Arte e recuperação de crianças e adolescentes que estavam à margem da criminalidade, drogas e violência. O trabalho desenvolvido por Léia ia desde peças teatrais com esses menores até a assistência social desenvolvida diariamente por meio do lazer e de atividades culturais. Léia contou-nos que de vez em quando, depara-se com um deles, hoje adultos, pais de família e bem estruturados, com formação superior e sucesso em suas trajetórias de vida. Muitos agradecem à Léia por ter se dedicado em tempos difíceis, com poucos recursos e estrutura afim de tirá-los do Mundo da Violência, das Drogas e da Criminalidade.
- Tempos da Política, sonho e decepção.
Léia percebeu que poderia fazer mais pelo próximo se estivesse com mandato. Resolveu mergulhar na política partidária e se candidatar afim de poder conquistar uma cadeira na Câmara de Vereadores ou na Assembleia Legislativa para poder fazer mais por Rondônia, sendo a voz oculta de parte da população na política. Militou na política por um quarto de século (25 anos), porém viu que os partidos, principalmente os caciques usavam seu prestígio e sua garra para eleger outros (voto de legenda).
- Seios de fora e megafone na sete de setembro.
Léia foi capa dos principais jornais do país quando resolveu colocar os seios de fora num comício para eleições nos anos 90. Ela diz que foi um ato impensado, fruto da imaturidade e da falta de orientação. Léia acabou recebendo o título de A VITAMINADA, devido ao volume dos seus seios. Foi uma forma de protesto contra o sistema político que era corrupto e continua a ser. Esse ato rendeu-lhe no final dos anos 90 muitos votos e, inclusive, ficou suplente de deputado federal e ajudou a coligação a eleger Natan Donadon com seu gesto que acabou ficando na memória de muitos, tempos dos comícios eleitorais onde multidões se reuniam para ouvir os políticos.
O megafone nas ruas sete de setembro foi outra marca de Léia Leandro para chamar a atenção da população durante as eleições e assim ficou mais uma marca registrada na história política de Rondônia.
- Repercussão dos seios de fora da Vitaminada.
O ato de Léia Leandro durante as eleições no final dos anos 90, ficou tão marcado na história política de Rondônia que deu no Jornal Nacional, Jô Soares quis entrevistá-la e até um programa humorístico da Globo chegou a imitar seu gesto. Os seios de fora e o apelido de A VITAMINADA custou até para seu filho, que teve de ser mandado para estudar fora afim de não receber o reflexo do preconceito das pessoas que o olhavam como o filho da Vitaminada, o vitaminadinho. Teve problemas com seu marido e quase toda a família é desestruturada.
- Nova vida e descoberta de um câncer.
Léia está fora do jogo eleitoral. Acredita que Deus a tirou. Pode um dia voltar, porém deixou sua história registrada. Hoje vive feliz com seu marido, seus três filhos sendo 1 homem e duas mulheres e seus seis netos que são sua vida. Tem 58 anos e agradece a Deus todos os dias pelos acertos e erros.
Durante suas férias ano passado com seu marido, Léia sentiu coceiras e incômodos na região do pescoço. Procurou um especialista na área e descobriu linfomas na região e enfim foi diagnosticado câncer na região.
- Tratamento do Câncer e o Hospital de Amor.
Léia foi muito bem recebida no Hospital de Amor de Porto Velho. Está fazendo radioterapia e quimioterapia e diz que hoje é sua segunda família na equipe do Hospital. Ela se emocionou ao falar do câncer e da forma como ela foi tratada com carinho e amor, por isso o nome do Hospital, de AMOR. Ela faz um apelo inclusive aos leitores para que conheçam o projeto e possam ajudar de alguma forma, pois atendem milhares de pessoas que estão com parte de suas vidas destruídas por essa doença maldita.
Foi nesse Hospital que ela percebeu que Deus nos prova até nos momentos mais difíceis, afim de revermos conceitos na nossa vida, as nossas aflições e aquilo que podemos fazer melhor.
DEDICATÓRIA DE LÉIA LEANDRO.
Léia dedica essa entrevista em sua homenagem em vida a seu amor e melhor amigo Aparecido que foi sua base e seu sustentáculo até esse presente momento da vida. Sem ele não teria minhas joias, meus filhos e netos finalizou Léia Leandro.
POR: JORNALISTA VICTÓRIA BACON
Deixe seu comentário