Com a pandemia do coronavírus, o comportamento de crianças e adolescentes em isolamento social é acompanhado por diversos especialistas no assunto, a fim de evitar possíveis doenças e transtornos que possam interferir na saúde mental. Pensando nisso, o Governo de Rondônia, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), tem buscado explanar informações a população sobre cuidados básicos voltados a esse público.
Muitos jovens se adequaram a uma nova rotina de vida, marcada por diferentes medidas restritivas. Uma delas são as aulas remotas, evitando o contato físico com colegas e amigos. De acordo com a psicóloga clínica do Hospital Infantil Cosme e Damião, Joelma Sampaio, os novos modos de convivência trouxeram princípios de ansiedade, compulsão e até depressão a inúmeros jovens.
“Os casos vêm aumentando devido às mudanças de hábitos ocasionadas pela pandemia. Por isso, venho avaliando crianças e adolescentes que estão passando por esse processo com bastante dificuldade. Ambos têm grande necessidade de interação social, pois isso faz parte do próprio desenvolvimento. A diminuição dessas atividades pode atrapalhar o seu crescimento normal”, destaca.
Por estar a maior parte do tempo em casa, os próprios familiares começam a perceber a mudança do comportamento de seus filhos. E neste caminho, a geração de conflitos pode ocorrer entre os membros da família. Em geral, a psicóloga aponta alguns sintomas mais comuns quando há interferência na saúde mental deste público, como:
- Alterações no apetite;
- Dificuldades no sono;
- Queda no rendimento escolar;
- Desmotivação;
- Medos e preocupações excessivas;
- Dores de cabeça;
- Tonturas e;
- Retraimento social.
“Os pais têm dificuldades em reconhecer essas mudanças em seus filhos, uma vez que, principalmente as crianças, não sabem falar sobre seus sentimentos e os adolescentes são mais receosos. Os sinais como alterações do sono, na alimentação ou mesmo mudanças repentinas de humor, que não era comum em crianças, são sinais importantes. Outro sintoma é a enurese, pois está relacionado ao medo e a ansiedade. Crianças maiores que começam a urinar na cama ou na roupa podem estar sofrendo de algum evento estressor”, complementa.
Joelma, reforça a atenção à saúde dos adolescentes durante o período pandêmico, que apresentam mudanças específicas em relação ao seu comportamento. Isso ocorre a partir de sintomas de insônia, oscilações de humor, choro sem causa aparente e também alterações na hora da alimentação, tendendo a comer em excesso, parar de se alimentar ou exigir preferência por algum tipo de alimento.
Outro ponto acrescentado pela psicóloga, é que todas estas dificuldades encontradas não podem ser vistas como um simples distúrbio. Entretanto, se essas manifestações se tornam exageradas a ponto de prejudicarem significativamente a função ou causar grave sofrimento no ser humano, deverá ser tratado como um possível transtorno de ansiedade. “Isso é comum aparecer na fase da infância ou adolescência. Em casos de crianças, pode levar até à depressão e, mais tarde na vida, se tornarem mais ansiosas, por isso seus responsáveis devem ficar atentos aos comportamentos mencionados anteriormente”.
Em algumas escolas da rede privada, que ocorre o retorno das aulas presenciais, a psicóloga destaca que se faz necessário manter o diálogo entre pais e filhos durante esse processo letivo, tendo em vista a prevenção tanto do vírus quanto da volta das relações mais próximas com os colegas de escola.
BUSCAR AJUDA
Ao observar mudanças drásticas no comportamento dos jovens, é fundamental buscar ajuda psicológica. “Os pais devem enfatizar para os filhos que esse profissional os ajudará a resolver e reconhecer seus problemas”, explica Joelma. Entre as nuances da Psicologia, destaca-se o tratamento denominado Psicoterapia, no qual visa auxiliar na expressão das emoções do indivíduo que sofre. “No caso das crianças, é realizada por meio de brincadeiras para ampliar seus sentimentos acumulados e ressignificar eventos traumáticos”, enfatiza.
O Hospital Cosme Damião oferece atendimento de urgência e emergência a crianças e adolescentes. Se algum dos pacientes apresentar sintomas semelhantes aos citados anteriormente, ele é encaminhado à Policlínica Oswaldo Cruz (POC) de Porto Velho ou a algumas unidades municipais de saúde específicas para adquirir atendimento integral com um profissional de Psicologia.
Fonte
Texto: Jackson Vicente
Fotos: Daiane Mendonça
Secom – Governo de Rondônia
Deixe seu comentário