‘a ficha não caiu até agora’
William Marcos, de 28 anos, sonha em ser desenhista há 12 anos. Autodidata começou a desenhar ainda na escola, após uma professora apresentar os gibis de Mauricio de Sousa.
Um morador de Rondônia nascido a 70 km de Jaru (RO), no distrito de Tarilândia, tem feito sucesso na internet com seus quadrinhos e tem realizado o sonho de mais de 12 anos de dedicação: ser reconhecido como cartunista.
“Eu nunca imaginei que ia ter tanto reconhecimento como estou tendo agora. Eu desenhava por paixão. Quando começaram as ‘lan houses’, eu ia lá, via as entrevistas dos cartunistas. Só que pra mim aquilo era distante. Eu lá num distrito, em Tarilândia. Pensei que seria impossível chegar o reconhecimento”, lembrou William Marcos.
Mas o “impossível” começou a se tornar realidade depois de muito trabalho nas tirinhas, principalmente durante as noites e fins de semana, fora do horário de expediente em que trabalha em um frigorífico da cidade. A internet deu uma força na divulgação.
Como começou?
A paixão pelos gibis da Turma da Mônica do grande Mauricio de Sousa junto com a dinâmica de uma professora da 3ª série do ensino fundamental, na escola estadual Pedro Vieira de Melo, foi o pontapé inicial para que William conhecesse o universo dos quadrinhos.
“Minha professora Áurea tinha a seguinte dinâmica: quem terminasse o dever primeiro, poderia ir lá no fundo da sala pegar um gibizinho. Só que era muito rápido [o tempo para leitura] e eu ficava com aquilo na cabeça. Então um dia eu cheguei em casa e falei ‘cara, eu quero terminar aquela historinha'”. A partir dali surgia seu primeiro desenho no formato de HQ, com um lápis convencional.
O lápis e a caneta esferográfica nunca mais saíram das suas mãos, mesmo quando não tinha lápis de cor para pintar os desenhos. Segundo William, como os pais tinham cinco filhos para criar, ele não tinha condições de comprar os gibis. O contato com as histórias em quadrinhos era pelos livros didáticos oferecidos pela escola.
“Eu amava quando vinha livro didático de português, a primeira coisa que eu fazia era ‘caçar’ tirinhas. Uma vez os livros venceram e a escola colocou à disposição, eu pedi os livros e eles me deram. Eu peguei todos de português só para ter as tirinhas”, contou.
Ainda no ensino fundamental, criou seu próprio estilo. Depois começou a expor suas tirinhas no mural da escola.
Regionalismo
Há três meses William teve a ideia de começar a desenhar também sobre Rondônia para que os moradores se enxerguem na sua arte.
“Mostrar um pouquinho da nossa cultura. Eu amo Rondônia… Mostrar o sol quente, o tereré, mostrar as Três Caixas d’Água, a Madeira-Mamoré, a confusão que fazem do nosso estado com Roraima. Eu amo mostrar nosso estado de uma maneira bem lúdica através do humor”, falou sobre as tirinhas carregadas de regionalismo.
Mesmo não conhecendo alguns lugares, como as Três Caixas d’Água, ponto turístico de Porto Velho, ele diz ter feito um estudo aprofundado para conseguir retratar o monumento com o máximo de detalhes e proximidade com a realidade.
Repercussão nas redes
Nas redes sociais, já possui mais de 21 mil seguidores e postagens que passam de 60 mil curtidas de pessoas de todos os lugares do país
Muito grato pela repercussão e o tão esperado reconhecimento como cartunista, William contou que quando a primeira publicação bateu 60 mil curtidas ele não acreditou.
“É, por exemplo, o Maracanã cheio, basicamente. Imagina você desenhar sozinho e 60 mil pessoas verem o seu desenho?”, disse emocionado.
O sonho continua
O desejo principal de William é alcançar mais pessoas com a sua arte. Mesmo sabendo das dificuldades, acredita estar no caminho certo para ser reconhecido como cartunista profissional e viver das suas histórias.
E o artista sonha ainda mais alto: “Quero realizar meu grande sonho que é fazer um livro, mostrando um pouco da Região Norte, principalmente Rondônia. Eu quero reunir as [tirinhas] que já tenho feito e lançar umas inéditas”, contou seu plano.
Por Loide Gonçalves e Mikely Azevedo, g1 RO e Rede Amazônica
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