MAC- USP traz a primeira exposição dedicada à produção inicial de Cybèle Varela do final dos anos 60, uma das figuras-chave da Nova Figuração no Brasil. Mostra vai até o próximo dia 1º de outubro.
No próximo dia 28 de agosto Cybèle Varela comemora 80 anos de idade. A artista está em São Paulo com a exposição: Cybèle Varela. Imaginários Pop, no MAC-USP, que reúne uma seleção das pinturas e objetos mais emblemáticos da artista do final dos anos 60. A mostra tem curadoria de Ana Magalhães, diretora do museu e da historiadora da arte Ariane Varela Braga. A mostra fica em cartaz até o dia 1º de outubro.
Os trabalhos procedentes da coleção do próprio museu e de acervos públicos e privados destacam o papel desempenhado pela cultura de massa, questões sociais e políticas, bem como as experiências transnacionais na realização da produção inicial de Varela; uma obra pioneira das questões feministas e que contribuiu para os discursos artísticos brasileiros e internacionais da Pop Art e Nova Figuração até a Figuração Narrativa.
Segundo as curadoras, o ano de 1967 foi um momento significativo para a artista, quando o MAC-USP lhe concedeu o importante prêmio da exposição “Jovem Arte Contemporânea” e participou pela primeira vez da Bienal de São Paulo, na qual seu objeto em forma de caixa O Presente (1967) foi retirado pela polícia por motivos políticos, antes mesmo da abertura oficial do evento. Essa obra destruída foi refeita em 2018 e faz parte da presente exposição, que tem como ponto de partida os dois trípticos de Varela pertencentes à coleção do museu paulistano: De tudo que pode ser (1967) e Cenas de rua (1968). Sobre o primeiro, ganhador do prêmio JAC, a artista explica que vinha explorando a questão da transformação, de tudo que pode vir a ser.
“Numa sequência quase cinematográfica, pintei uma moça atravessando a rua e cruzando com algumas freiras; e, no momento do cruzamento, elas trocam de roupa. A moça veste a saia longa do uniforme religioso e as freiras a minissaia, que estavam na moda no período”.
Mulheres na Nova Figuração: Corpo e Posicionamento
Ainda no mês de agosto, no dia 19, Cybèle vai expor na mostra ‘Mulheres na Nova Figuração: Corpo e Posicionamento”, na galeria Superfície, de Gustavo Nobrega, com curadoria do próprio Gustavo Nobrega e Camila Bechelany. Mais informações: https://galeriasuperficie.com.br/exposicoes/mulheres-na-nova-figuracao-corpo-e-posicionamento/.
E no dia 10 de outubro, Cybèle participa de uma conversa em torno a sua carreira e publicação do livro Cybèle Varela. Trajetórias (Milão, 2023), pela editora italiana Silvana Editoriale (bilíngue inglês/português, 256 páginas), em local ainda a ser definido. O volume, organizado pelas curadoras da exposição, Ana Magalhaes e Ariane Varela Braga, reúne ensaios e entrevista que lançam nova luz sobre o momento da aparição de Varela no cenário artístico nos anos 1960 no Brasil e nos anos 1970 na França.
Entre os textos, enquanto Magalhães traz “Cybèle Varela no acervo do MAC USP”, Paulo Miyada intitula seu ensaio de “Do que se encerra em nosso peito juvenil”. Já Camila Bechelany, em “De tudo aquilo que pode ser”, investiga a transição e liberdade na obra de Varela, e Rosa Olivares “A fotografia como ideia”. Por sua vez, Carolina Vieira Filippini Curi em “As mulheres de Cybèle” reflete sobre as representações do feminino nos anos 1960 e no presente; e Isabella Lenzi e Yuji Kawasima apresentam uma entrevista com a artista, “Ninguém me deu carona”.
Sobre a artista
Cybèle Varela (Petrópolis – RJ, Brasil, 1943) viveu entre o Brasil, Paris, Genebra, Roma e Madri. Atualmente, com sua obra exposta no Centre Pompidou, é a única mulher viva do movimento Figuração Narrativa. A sua carreira começou no Brasil nos anos 60 e segue em Paris nos anos 70. Em 1975, foi a única artista mulher selecionada para a exposição itinerante pela França 30 Créateurs – Sélection 75, juntamente com Lindstrom, Pierre Soulages, Arman, entre outros.
Com seu trabalho muito elogiado por críticos como Pierre Restany, Varela participou de centenas de salões, exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior: França, Alemanha, Itália, Estados Unidos, Inglaterra, Suíça, Bélgica, Espanha e Japão. Além da IX Bienal Internacional de São Paulo, na qual teve a sua obra censurada, participou da X e XVII edições do evento paulistano, entre outras bienais. Suas obras fazem parte dos mais importantes acervos privados e públicos, entre os quais: Reina Sofia (Madri, Espanha), Centre Georges Pompidou (Paris, França), Art Museum of the Americas (Washington D. C., EUA) e, no Brasil, além do MAC-USP, MASP, MAM-SP; MAM-RJ, entre outros.
Sobre as curadoras
Ana Magalhães é historiadora da arte, curadora, professora e atualmente diretora do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP). Especialista em arte do século XX, em particular da modernidade nas artes visuais, seguindo uma abordagem transnacional.
Ariane Varela Braga é historiadora da arte e curadora independente. Interessa-se pelas intersecções entre as artes visuais, a arquitetura e a cultura material, desde o século XIX até à atualidade, numa perspectiva transnacional.
Para a galeria especializada na produção de múltiplos de artistas, Cybèle Varela recria uma de suas obras originais perdida, Um passeio feliz 2, 1970 – 2023 (madeira e impressão UV sobre PS, 62x62x4cm, Edição de 10 + 2 PA). O original deste objeto quebra-cabeça foi feito em 1970, e faz parte de uma série de objetos do mesmo tipo, de dimensões variadas, que a artista produziu a partir do final dos anos 60. Estes quebra-cabeças dialogam diretamente com as formas e figuras que ela pintava sobre grandes painéis de madeira, como os trípticos da coleção do MAC-USP.
Fonte: Carlos Prado
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