Corpo de mãe que salvou filho de ataque a facão é enterrado em Jaru: ‘dói demais’, diz pai da vítima

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Marta Rodrigues foi sepultada no cemitério municipal na manhã deste sábado (3). Ela é uma das 11 vítimas do atentado que ocorreu na quinta-feira (1º) em Porto Velho.

Corpo de Marta Rodrigues, de 28, é sepultado em Jaru. — Foto: Rinaldo Moreira/G1

O sepultamento ocorreu no cemitério municipal de Jaru (RO), cidade a pouco mais de 320 quilômetros da capital. Ela foi a única vítima que veio a óbito.

O corpo chegou na cidade por volta das 19h30 de sexta-feira (2) e foi encaminhado a uma igreja evangélica, na avenida JK. Pelo menos 50 pessoas, entre amigos e parentes, participaram do velório. Um dos filhos da mulher, a criança 9 anos que foi atacada por Edinei Ribeiro, de 49 anos, esteve no velório.

José Pereira, pai de Marta (sentado) precisou ser amparado pelos filhos duas vezes durante enterro. — Foto: Rinaldo Moreira/G1

José Pereira, pai de Marta, precisou ser amparado duas vezes pelos filhos. Ele não se conforma com a perda. “Toda dificuldade que já passei em minha vida está é a maior”, disse.

“Dói demais dentro do meu coração perder uma filha igual eu perdi”, lamentou o pai da vítima.

O irmão de Marta Osvaldo Pereira se lembrou do quanto trabalhou com a vítima durante a infância. “E lá nos trabalhávamos na roça. A Marta sempre foi uma pessoa trabalhadora desde pequena”, afirmou.

Histórico

Marta nasceu em Presidente Médici (RO), região central. Filha de lavradores de terra, tinha 13 irmãos e se mudou para Porto Velho em 2014. Trabalhava na capital vendendo picolés e, em alguns momentos, como diarista. Um dos sobrinhos da vítima contou ao G1 que ela chegava a trabalhar como pedreira para sustentar os três filhos.



“Ela era um exemplo de ser humano. Ela fazia de tudo para sustentar a família, inclusive chegava a trabalhar em serviços pesados e construiu a própria casa”, disse um dos sobrinhos.

Marta Rodrigues Pereira foi morta em ataque a facão dentro de casa. — Foto: Reprodução/Facebook

O familiar conta que o autor do ataque dizia ser amigo de Marta e chegou a morar próximo da vítima, em uma residência conseguida por ela. O sobrinho afirma que, após isso, o autor se distanciou de Marta, mudando-se para outro bairro.

“Ele almoçava, jantava e vivia dentro da casa dela [Marta]. Durante um tempo, ele estava sem lugar para morar e ela arrumou um lugar para ele, que se dizia amigo dela. Eu não sei o que deu na cabeça desse homem”, lamenta o sobrinho.

Uma testemunha informou ao G1 que Edinei chegou de carro na casa da vítima e foi recebido pelo esposo dela. Em seguida, foi na direção de um dos filhos dela, de 3 anos. Segundo relatos, a mãe se abraçou ao filho para evitar as agressões, mas acabou golpeada na cabeça e peito. Marta morreu após ser socorrida. Segundo os médicos que prestaram socorro, ela não resistiu aos ferimentos.

Ataque a facão

Onze pessoas foram esfaqueadas por um homem no final da manhã da quinta-feira (1º) na Zona Leste de Porto Velho. Entre as vítimas estão uma criança, que foi atendida na UPA e liberada em seguida, e Marta, mãe dela, que não resistiu aos ferimentos e morreu pouco depois do ataque.

O autor dos ataques, Edinei Ribeiro, foi morto a tiros na frente de casa após tentar atacar policiais militares com dois facões.

Segundo o psiquiatra Robson Cardoso provavelmente o homem teve um surto psicótico induzido por delírios de perseguição, o que o levou a esfaquear as 11 pessoas.

Fonte:G1/RO