Chefes de facção que agem dentro e fora de presídios serão transferidos de Rondônia

Publicada em


Segundo o Depen, detentos devem ser transferidos a outros presídios nesta semana. Grupo planejava há meses atentados ao Depen e cinco órgãos financeiros espalhados pelo país.

Trio aguarda transferência de presídio na Penitenciária Federal de Porto Velho. — Foto: Reprodução/ Rede Amazônica

 

Os três principais chefes do PCC, facção criminosa que age dentro e fora dos presídios brasileiros, serão transferidos de unidade prisional nesta semana. Na última quinta-feira (11), a Polícia Federal cumpriu três mandados de prisão preventiva e quatro de busca e apreensão em Porto Velho, capital de Rondônia, contra um grupo que planejava há meses ataques em seis cidades brasileiras, tudo por meio de bilhetes codificados.

A informação sobre a transferência de Abel Pacheco de Andrade, Wanderson Nilton Paula Lima e Roberto Soriano foi confirmada pelo Departamento Penitenciário Federal (Depen), principal alvo da quadrilha.

Além das ameaças de explodir prédios públicos, os bandidos arquitetavam torturar, sequestrar e assassinar chefes de segurança e diretores de presídios federais. O objetivo era pressionar o Governo Federal e o Supremo Tribunal Federal (STF) pelo retorno das visitas íntimas, medida suspensa em maio do ano passado.

No momento, eles seguem presos na Penitenciária Federal de Porto Velho por meio do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), segundo a Polícia e a Justiça Federal – permanecem isolados em celas sem direito a visitas sociais e banho de sol.

Ainda conforme informações da Justiça, o plano seria colocado em prática em meio ao período eleitoral.

Troca de bilhetes

Durante as investigações, que começaram no início deste ano, a PF descobriu que os criminosos se comunicavam através de bilhetes codificados. As mensagens eram repassadas por eles a outros detentos aliados à facção que tinham permissão de receber visitas íntimas.

Após a entrega, as mensagens seguiam para as mãos de mulheres, esposas dos presos. Elas eram responsáveis por decifrar e repassar novamente os bilhetes aos membros do grupo criminoso que estavam do lado de fora. Todas já foram identificadas pela polícia e proibidas de visitar os detentos.

Antes de repassar as mensagens, os bandidos costumavam esconder os bilhetes dentro da rede de esgoto da penitenciária de Porto Velho, a fim de não levantar suspeitas sobre o plano criminoso.

A ideia de como arquitetar os ataques surgiu através de um diálogo entre Abel e Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, quando ambos estavam presos em uma ala da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), em junho de 2017.

A conversa foi monitorada pela área de inteligência da Depen. Nela, Beira-Mar sugere que as facções adotem as mesmas táticas de sequestro de autoridades e terrorismo utilizadas por grupos criminosos da Colômbia e do México.

‘Pé de Borracha’ e ‘Morada do Sol’

Os ataques da facção foram divididas em duas etapas, conforme as investigações. A primeira delas foi chamada de “Pé de Borracha”, onde a ideia era colocar um carro com pelo menos 50 explosivos dentro do estacionamento da Depen e, em seguida, fazer uma ameaça anônima com exigências.



Bilhete mostra plano criminoso de facção em cidades do Brasil. — Foto: Reprodução/TV GloboBilhete mostra plano criminoso de facção em cidades do Brasil. — Foto: Reprodução/TV Globo

Bilhete mostra plano criminoso de facção em cidades do Brasil. — Foto: Reprodução/TV Globo

Segundo apuração da PF, o veículo seria estacionado no subsolo da sede do Depen na capital federal e, em cima de um banco do automóvel, haveria um envelope com um recado destinado ao diretor do departamento.

Caso as reivindicações não fossem atendidas, a facção explodiria o veículo no órgão e posicionaria outros cinco carros com explosivos em prédios públicos de capitais do país.

Entre as exigências dos bandidos estavam a liberação de visitas sociais por cinco horas, visitas íntimas semanais por três horas e banho de sol.

O segundo passo era colocar em prática a operação “Morada do Sol”, que consistia em sequestrar, torturar e assassinar chefes de segurança e diretores de presídios federais. O intuito era cobrar do governo e do STF o retorno de visitas íntimas, suspensas no ano passado.

Conforme a Polícia Federal, 10 mulheres de detentos que são membros da facção estão sendo investigadas.

Cinco delas têm envolvimento com homens que estão no presídio em Porto Velho, duas com detentos da Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), uma com homem do Sistema Penitenciário Estadual do Rio Grande do Norte e uma com detento da Penitenciária Federal de Catanduvas (PR).

Lista completa com as exigências:

  • Visita social de 5 horas;
  • Visita intima semanal por três horas;
  • Extinção da visita em parlatório para parentes até 2º grau, mesmo com pendências judiciais;
  • Banho de sol de duas horas, fora da cela, para presos em RDD;
  • Visita virtual quinzenal de duas horas;
  • Prazo máximo de permanência no Sistema Penitenciário Federal (SPF) de dois anos;
  • Direito a progredir dentro do SPF, sem interferência dos Estados;
  • Tratar os internos com dignidade, sem opressão ou agressões físicas;
  • Uma televisão e um rádio por cela;
  • Possibilidade de se ter ensino superior e maior comparecimento dos juízes corregedores.

 

 

Fonte:G1/RO