Suspeito de ser o responsável por tirar a vida da adolescente Laryssa Victória, prestou depoimento à Polícia Civil e admitiu te sido o responsável pela execução da vítima, uma menina de apenas 17 anos de idade.
Durante o depoimento, o acusado não esboça qualquer tipo de arrependimento e diz que teria agido como se estivesse cumprindo uma missão. Ronaldo falou com a polícia no dia 07 de abril de 2022 e durante o seu interrogatório esteve acompanhado por um advogado de defesa.
O corpo de Larissa foi encontrado em uma cova no quintal da casa do suspeito, que é Assistente Social, em Ouro Preto do Oeste, no dia 20 de março.
Conforme apurado pelo Portal P1, o interrogatório durou mais de cinco horas. Durante o depoimento, o acusado disse que nasceu em Ouro Preto do Oeste, mas que, aos 04 anos de idade, se mudou com a família para Foz do Iguaçu (PR), local onde viveu até os 17 anos e, onde, também, teria sido apelidado como “Fronteira”. O suspeito pela morte da adolescente relata que teria tido uma infância pesada com muita humilhação em virtude da comunidade onde residia ser vinculada ao tráfico de drogas. O homem diz também que aos 14 anos foi consagrado como sacerdote aarônico (cargo equivalente ao diaconato).
O Auto de Interrogatório diz que o ordenamento seria na religião islamita, mas, por apontar o fundador como sendo Joseph Smith, não se trata do Islã, mas da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, cujos membros são conhecidos como Mórmons. Porém, conforme afirma o próprio suspeito, as doutrinas d igreja não possuem nenhuma ligação com suas atitudes. Ronaldo relata que não tinha amigos da religião em que supostamente pertencia e que estudava as doutrinas da igreja por meio de livros e da internet. O suspeito já pertenceu a vários partidos políticos e chegou a disputar ao menos dois pleitos, sempre com intuito de eleger e representar os anseios da sociedade.
Ronaldo alega que os supostos traumas vividos por ele em Foz do Iguaçu (PR), fez com que passasse a sentir vontade de ver pessoas morrendo, algo, que, segundo disse em depoimento, teria provocado a ira de traficantes. O acusado relata que entre 12 e 17 anos “trabalhou” no contrabando de cigarros e drogas na fronteira do Brasil com o Paraguai. “Nasci com essa vontade de matar e as ver morrer de forma cruel, sofrendo”, diz, sem pestanejar, em depoimento colhido pela Polícia Civil de Ouro Preto do Oeste no dia 07 de abril.
O acusado pela morte diz que teve uma vida conturbada na escola, onde afirma ter esfaqueado um estudante suspeito de zombar da religião em que ele praticava. Ronaldo dos Santos Lira diz que, em Ouro Preto do Oeste, local em que nasceu, se envolveu em brigas, especialmente na Praça da Liberdade. Porém, sempre conseguiu escapar ileso de qualquer ação policial.
O suspeito disse que ao longo de seus 36 anos de idade teria seis acusações de delito que, em suas palavras, foram cometidos em Foz do Iguaçu (PR), quando ainda era adolescente. Ronaldo relata que, quando foi diretor de um posto de saúde em Ouro Preto do Oeste chegou a conhecer a mãe de Laryssa Victória, que, à época, foi uma das colaboradas da Unidade Básica de Saúde (UBS) em que atuou na direção. O acusado chega a dizer que frequentou a residência da mãe da menina e que conhecia o atual esposo dela. Em seguida, Ronaldo dos Santos Lira, passa a relatar o que, na visão dele, teria ocorrido, a partir de sexta-feira, 18 de março de 2022, data em que Laryssa Victória desapareceu. O homem apontado pela polícia como o responsável pela morte de Laryssa disse ao depor que na data citada teria ido a uma loja de caça e pesca por volta das 20h15.
O lugar fica próximo a um posto de gasolina e suspeito sempre teria frequentado, por considerar meio isolado. Nessa noite, muitos jovens estariam no local ingerindo bebidas alcoólicas e, conforme diz o acusado, as pessoas teriam dito que ele estaria com o pensamento meio distante. Porém, o mesmo teria sentido uma força superior dizer “é hoje”, numa referência que ele deveria executar alguém naquele dia. Em seguida, o acusado afirma que foi até a conveniência de um posto de gasolina esperando a suposta voz indicar qual pessoa ele deveria matar. Em dado momento, conforme afirma Ronaldo, ele acabou tendo certeza que a pessoa a ser executada seria Laryssa Victoria, devido a um suposto aviso emitido pela voz que comandaria suas ações. O suspeito diz que teria bebido apenas vodka e tereré, enquanto que, na versão dele, Laryssa teria ingerido somente tereré e que estaria sóbria.
Ronaldo disse em depoimento que, por volta das 03 horas da manhã do dia 19 de março de 2022 Laryssa teria dito que iria embora e ele se propôs a ir junto. Indagado por um suposto amigo sobre onde iriam, o suspeito disse apenas “tchau” e seguiu com a adolescente que seria morta por ele dentro de mais alguns instantes. O acusado disse que chegou a andar de mãos dadas e até abraçou a adolescente que, segundo disse, chegou a perguntá-lo sobre as conversas desconexas que estaria dizendo a ela. Ronaldo relata que perguntou à vítima se ela seria menor de idade e, nas palavras dele, Laryssa teria dito que estaria com 19 anos.
Logo após, Ronaldo disse que chamou Laryssa para ir até a sua casa e ela teria aceitado voluntariamente. Naquele momento o acusado diz ter sentido um arrepio em todo o corpo e, ao passar a mão no pescoço da adolescente, imaginou como seria cometer a atrocidade, em suas palavras, “da melhor forma possível”. Os dois chegaram a parar para, supostamente, descansar na entrada de um residencial em Ouro Preto do Oeste. Nesse momento, segundo o que apurou a polícia por meio de imagens, Laryssa aparece cambaleando e andando com dificuldade, por ser uma rua de paralelepípedo.
O suspeito prossegue dizendo que ele e a vítima entraram em sua residência e em seguida Laryssa teria adormecido e ele permaneceu acordado e mexendo em um telefone celular. Ao ver a adolescente dormir, segundo disse em depoimento, Ronaldo só pensava no momento em ver o sangue da vítima jorrar e quanto mais ela agonizar, mais ele se sentiria melhor. Após cochilar um pouco e acordar, possivelmente, entre 07 e 07h30 da manhã de sábado (19. mar. 2022), o acusado diz que pegou a bolsa da vítima para enforcá-la com a alça para saber onde desferir os golpes. Entretanto, segundo disse, Laryssa teria acordado e, além de perguntar o que estaria acontecendo, teria partido pra cima dele e o arranhado, mas ele conseguiu imobilizá-la para realizar o seu intento da forma que tanto queria.
O depoimento aponta que Laryssa chegou a lutar para não morrer, mas o plano arquitetado pelo acusado do crime foi superior às forças da adolescente. Em muitos momentos, segundo Ronaldo, a menina chegou a questioná-lo sobre o porquê de suas atitudes, mas ele disse queria matá-la de forma lenta e, em transe, não respondia a tais questionamentos. O suspeito relata que antes do golpe final chegou a fazer o que considera como um ritual e sorria a cada gota de sangue que jorrava, demonstrando lembrar de cada detalhe de um dos mais brutais crimes ocorridos nos últimos tempos. Ronaldo disse que a adolescente deve ter morrido entre 12 e 12h30 do sábado (19), o que comprova que ela teria sofrido em suas mãos por quase cinco horas, após ele iniciar o processo que culminaria com o fim da vida da menor de 17 anos.
O suspeito disse que cortou as roupas da adolescente e chegou a tomar banho com a faca utilizada no crime e o sangue em seu corpo. Após ir almoçar na casa dos pais, o suspeito retornou à cena do crime e dormiu na residência até por volta de 16 horas. Ao acordar, Ronaldo olhou o corpo novamente e começou a recolher os itens da vítima e queimou a bolsa, o celular, a roupa da vítima, além de suas vestes. Assim, apagaria parte das provas do crime em que figura como acusado.
O acusado relata que, em seguida, trancou a casa onde reside e foi para a residência de sua mãe, onde dormiu como se nada estivesse acontecido, embora seus familiares tivessem percebido que ele não estaria bem. Um amigo do suspeito chegou a perguntar sobre a adolescente, mas, segundo aponta o depoimento, o acusado fingiu que não sabia o que teria acontecido com ela. Na noite do dia 20 de março de 2022, Ronaldo disse que dormiu na casa em que adolescente ainda estava morta e, que, por volta das 03 horas da manhã, teria acordado e colocado fogo em uma cama box e umas coisas que estariam no fundo da residência.
Por volta das 08h30, afirma o suspeito, após ter sentido sede, teria ido ate a casa de sua mãe buscar água. A mãe e o pai do suspeito teriam tentado ir atrás dele, mas para não verem o crime brutal, o acusado convenceu-os a não irem até a residência. Após fazer uma cova no quintal em que reside, o suspeito enrolou o corpo da adolescente em um lençol. Ronaldo disse que chegou a utilizar um pacote de cal que tinha em uma obra próxima ao local do crime, pois acredita que a substância poderia destruir o corpo em poucos dias e, com isso, não deixar vestígios. Com isso, sem provas, não haveria como acusá-lo do crime que cometeu com requintes de crueldade.
Seguindo o que percurso do depoimento, Ronaldo diz que jogou terra em cima do corpo e foi para o quarto e, pensando de forma detalhada como apagar provas do crime, lavou o local com objetivo de retirar o cheiro de sangue. A faca utilizada no crime teria sido jogada em uma fossa localizada na residência do suspeito. Como em delitos dessa natureza, o suspeito disse que quando tirou a vida da adolescente, embora estivesse presente, quem teria agido seria o “Fronteira”, alcunha em que é conhecido e não o Ronaldo dos Santos Lira, um ser, segundo disse, com alto desejo sanguinário. O suspeito disse também que sentiu vontade de beber o sangue da vítima, mas acabou não executando o plano, por não fazer parte do ato em que acredita que deveria fazer.
Ronaldo admitiu em depoimento que reconhece que, pela lei dos homens, sabe que cometeu um crime, porém não se arrepende, se sente leve espiritualmente por um desejo que tinha desde os oito anos de idade, finalmente, para ele, consumado. Quanto aos equipamentos que seriam de sua propriedade e que foram apreendidos pela polícia, o suspeito diz que, embora tenham pornografia infantil, não seria para fins criminosos, mas fariam parte de uma futura tese de Mestrado e que, segundo ele, posteriormente, seria descartado.
Consciente de tudo o que acredita ter feito, o acusado autorizou a polícia a adentrar a sua residência para que o crime seja plenamente esclarecido. Ronaldo disse ainda que resolveu pedir para seu advogado um novo interrogatório, pois agora, por estar em paz e se sentindo outra pessoa, teria condições de dizer o que, em sua visão, teria acontecido. Ele conclui dizendo que o “Fronteira” (vulgo em que é conhecido) teria morrido junto com a adolescente e que teria nascido novamente.
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