A História da Música em Jaru: Jorge Faccini

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Jorge Faccini em foto de 2018

 

Alguns talentos pessoais são perceptíveis ainda na infância e com Jorge Faccini Fardim, um cidadão que garante ter nascido para a música e dela feito o seu estilo de vida, não seria diferente. Com apenas doze anos, já possuía mais de 140 canções na mente, todas relacionadas a questões da vida diária, algo inimaginável para muitas pessoas da mesma faixa etária que vivem no conectado mundo do século XXI.

Jorge Faccini chegou a Jaru em 1974, onde onze anos depois gravaria o seu único disco, um compacto duplo com 33 1/3 Rotações por Minuto (RPM). O termo é um tanto quanto desconectado com o vocabulário do terceiro milênio, mas gravar por esse formato fez um grande sucesso em todo o Brasil ainda na década de 1960, quando o mesmo foi lançado no território brasileiro pela Columbia, uma empresa norte-americana especializada em gravação e distribuição musical.

Faccini recorda que, por volta de 1980, abriu-se um leque para o que seria a gravação de uma obra musical propriamente dita através da dupla Rock & Ringo da qual participou fazendo showmícios em Rondônia. Durante as apresentações, os cantores eram muito aplaudidos e isso acabou incentivando Jorge Faccini a buscar o seu maior sonho: gravar um disco e, com isso, fazer parte do cenário musical com uma obra contendo apenas composições próprias.

Festival de música
Um festival de música realizado em Porto Velho no ano de 1982 fez com que o sonho de gravar ficasse mais perto de ser concretizado. Ao participar de um evento que, também contou com a presença de Miraldo & José Carlos – Miraldo, futuro componente da dupla Pescador & Garimpeiro e José Carlos, do Conjunto Século XX. Os organizadores queriam que Faccini se apresentasse em dupla, afinal não se admitia cantor sertanejo solo. Foi necessário então improvisar a formação de um dueto com um cantor da capital rondoniense. Miraldo gostou da música O Motocão e a canção acabou sendo inserida no disco da d upla Pescador & Garimpeiro gravado no ano de 1985 em Curitiba graças ao esforço do saudoso radialista José Aparecido da Silva. Faccini e a dupla Pescador & Garimpeiro ficaram muito amigos após a apresentação em Porto Velho, afinal além de serem moradores do mesmo município, também compartilhavam uma grande paixão para ambos: a música.

A extinta gravadora Itaipu possibilitou a diversos cantores jaruenses o tão almejado sonho de gravar uma obra fonográfica. Artistas como Idair Ferreira, Geoni e Geonito, além de Jorge Faccini, estão entre os que passaram pela empresa. E todos aqueles que residiam em Jaru tiveram o apoio de uma pessoa em comum: Zé do Disco, um grande divulgador das obras musicais produzidas pela Itaipu e incentivador de artistas locais.

A gravação em São Paulo



Jorge Faccini relata que estava acompanhado de Zé do Disco e foi bem recebido na empresa. Após uma semana de estadia na Capital paulista entrou em estúdio para gravar o seu primeiro disco e com apenas uma tentativa gravou todas as canções, sendo assim, muito elogiado pelos produtores da obra. Para Faccini, a gravação representa um troféu, ou seja, uma importante conquista que marcou a sua carreira de forma satisfatória. Ao todo foram produzidas mil unidades, o que garantiu ao cantor e compositor jaruense um alcance maior, além da presença em eventos, entre os estados de Rondônia e Mato Grosso. Após a gravaç&atild e;o, Faccini permaneceu atendendo agendas por aproximadamente dois anos. Embora não tenha dado continuidade no que se refere à produção de mais discos, Faccini possui uma extensa quantidade de composições e, mesmo seguindo outro rumo em sua vida profissional, jamais deixou a música de forma definitiva. Em 2011, por exemplo, gravou o single Ficha Limpa, uma clara alusão ao projeto nacional de mesmo nome, onde faz uma crítica à situação política do país. A canção chegou a ser tocada em algumas emissoras de rádio de Ariquemes (RO).

Mesmo depois de anos afastado da carreira musical, Faccini não interrompeu as composições, pois a sua perspectiva é um dia ainda voltar aos palcos, trabalho que o fez conhecido em Jaru nos principais eventos da década de 1980. Se antes as suas produções se restringiam a músicas populares, há alguns anos passou a compor para outros públicos, entre eles os que apreciam canções, sertanejas, românticas e gospel. “A música é uma terapia que proporciona ao ser humano uma paz instantânea”, filosofa.

A publicação da série “A História da Música em Jaru” está sendo possível graças a uma parceria entre os principais sites do município e o escritor Elias Gonçalves Pereira. Os textos serão publicados de 13 de maio a 06 de junho de 2019, data em que o escritor lançará nas dependências da Associação Comercial e Industrial de Jaru, o livro “Um Tratado sobre a Música, a Literatura e a Comunicação Jaruense”. A obra conta com 262 páginas e faz uma cobertura de meio século no campo historiográfico local dentro da temática contida no t& iacute;tulo.

As reportagens estão sendo publicadas na seguinte ordem:
01. Destaques das décadas de 1970 e 1980 – 13/05/2019
02. Juca & Marquinhos – Banda Swing & Country – 14/05/2019
03. Pescador & Garimpeiro – Diamante & Garimpeiro – 15/05/2019
04. Jorge Faccini – 16/05/2019
05. Jenival Silva – 17/05/2019
06. Geoni e Geonito – 20/05/2019
07. Idair Ferreira – 21/05/2019
08. Marcos Paulo & Claudney – Banda Los Arcanjos – 22/05/2019
09. Dalberto & Darnel – 23/05/2019
10. Márcio & Messias – Banda Flash Music – 24/05/2019
11. Mário & Marquinhos – 27/05/2019
12. Eder & Eder – 28/05/2019
13. Divas Diogo – 29/05/2019
14. Heliane Markes – 30/05/2019
15. Arllan Cardek e Banda Maria Juana – 31/05/2019
16. Gilson Fagner – 03/06/2019
17. Banda Country Music / Albatroz – 04/06/2019
18. Beto Neves – 05/06/2019
19. Banda Pelô Art – 06/06/2019

Fonte: Elias Gonçalves
Fotos: Arquivo Pessoal: Jorge Faccini
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