A História da Música em Jaru: Décadas de 1970 e 1980

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Fotos: Jardes da Silva Brandão, José Élio dos Santos e Elsuênio Alves da Silva

 

 

 

 

 

 

O primeiro conjunto musical de Jaru surgiu ainda nos anos 1970. Era liderado por José Carlos dos Santos, o Zé Carlos Cabeleira e chamava-se Século XX. Ao todo eram cinco componentes e cada um tinha uma função específica: José Carlos (teclado e vocalista), Rivaldo de Andrade (guitarra), Jardes da Silva Brandão (bateria), Hermínio Batista, o Cachopinha (contrabaixo) e Miraldo dos Santos, o Garimpeiro da dupla Pescador & Garimpeiro, no violão. A atuação do grupo foi até os primeiros anos da década de 1980, quando o mesmo se desfez e cada integrante decidiu trilhar outro caminho. No início da penúl tima década do século XX, uma série de festivais trouxe à tona diversos talentos, tais como Elião do Incra, Careca Som, entre outros.

José Oliveira Rocha, conhecido popularmente como Careca Som, chegou a Jaru no ano de 1976. Natural de São Miguel do Iguaçu (PR), segundo relata, foi dele a ideia de fazer encontros musicais, principalmente em fins de semana. Enquanto esteve em Jaru, participou de inúmeros festivais locais e também em outros municípios rondonienses, além de criar a Careca’s Som, uma das mais antigas empresas de vendas de discos, fitas cassetes e outros materiais do gênero musical. Ao lado de Elião do Incra e de outros nomes, construiu uma sólida carreira que possibilitou o destaque em vários concursos. < /span>

Elião do Incra, nome artístico de José Elio dos Santos, também teve uma importante participação em vários aspectos da história jaruense. Oriundo do interior paulista, local onde fez o curso de Técnicas Agrícolas, foi contratado pelo Incra – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – em junho de 1976 e participou ativamente na implantação da colonização, assentamento e regularização fundiária ocorrida ainda na época do Território Federal de Rondônia.

Dono de um estilo próprio, José Elio dos Santos diz que a música sempre esteve presente em sua alma como intérprete e na década de 1980 chegou a participar de três festivais de Música Popular Brasileira (MPB) com cantores de Ji-Paraná, Cacoal e Ariquemes. “Tive a honra de conquistar o primeiro lugar em todos os festivais em que participei e no terceiro deles fui ganhador como intérprete e música inédita”, recorda sobre as conquistas da década que representa uma importante etapa da musicalidade jaruense.

Com o desenvolvimento do município de Jaru, Elião do Incra participou junto com Elsuênio Alves da Silva de festivais musicais, além de várias apresentações, as famosas palhinhas de músicas ao vivo nas lanchonetes em Jaru. Elião subiu aos palcos com a saudosa dupla Juca & Marquinhos, além de marcar presença em rodas de viola com o amigo Careca, Beto Neves, entre outros. Em 2001, acometido de insuficiência renal, Elião se mudou para Ji-Paraná e quatro anos depois foi para Santa Catarina para ser submetido a um transplante renal. Em 2008, ao tentar realizar o transplante, não conseguiu sucesso, mas continu ou fazendo tratamento médico com objetivo de ter a saúde restabelecida.

A Escola de Música

Oriundo de Itamaraju (BA), Elsuênio Alves da Silva começou a tocar violão apenas com amigos e sem maiores pretensões profissionais, ainda quando residia na Bahia, embora tivesse participado de alguns programas de calouros. Elsuênio – conhecido popularmente em Jaru como Élcio – ao lado de outros especialistas na área musical, influenciou positivamente a vida de artistas locais que passaram pelo primeiro estabelecimento do gênero no município: a Escola de Música de Jaru. Fundada em 1988, fazia parte da instituição assistencial mantida pelo então deputado estadual Sidney Rodrigues Guerra (1943 – 2003), que, posteriormente, v iria a ser prefeito de Jaru.

A primeira escola de música funcionou sob a administração do maestro Laércio Meirelles e contou com Élcio, Antônio de Souza e Isaías na função de professores. A escola era localizada na esquina da hoje Avenida Padre Adolpho Rohl com a Rua Goiás e no local eram ministrados cursos de instrumentos de sopro e de cordas, com aulas teóricas e práticas. A partir daí, começaram a surgir novos talentos que passaram a enriquecer a musicalidade contemporânea, como Edy e Rony, que foram alunos de Élcio e que seguiram carreira na música e chegaram a gravar o primeiro disco em 1993 no estado de São P aulo.

Máquina Zero



Ainda em 1988, Élcio recebeu a incumbência de formar uma banda e resolveu convidar os músicos Paulo César, Marco e Jader. Mediante o convite aceito e intensificação dos ensaios, surgiu o Máquina Zero, um grupo com a proposta de tocar música popular e rock nacional em shows abertos. Porém a formação musical durou poucos meses. Élcio continuou sendo professor na escola de música do município até 1989, ano em que a instituição fechou as suas portas. Em seguida, ao partir para a carreira solo, Élcio passa a se apresentar em vários municípios rondonienses.

O Musical Élcio e Convidados

Um dos shows memoráveis que o cantor Élcio realizou em Jaru foi o musical “Élcio e Convidados”, um momento singular onde recebia vários cantores. O projeto foi considerado muito interessante, pois concedia aos artistas locais a oportunidade de se apresentarem e com isso fazerem parte do momento musical da época. O evento contou com diversos participantes, entre eles Tony, irmão de Marcos Antônio Rocha da Silva, o lendário Marcão da Peixaria, Marquinhos e Gilberto Fernandes Neves, o Beto Neves.

Outro show que fez história na carreira de Élcio foi o “MPB Total”, realizado no Caixa D’ Água Clube, em três edições, sendo a primeira no ano de 1992 e que contou com a participação de Elião do Incra como convidado especial. Embora tenha organizado diversas apresentações com cantores locais, como Paulo Cézar e Borges, Élcio seguiu mesmo sua carreira musical de forma solo até o ano de 2002, quando decidiu interromper os trabalhos musicais devido a um problema de saúde e também por ter optado cursar o ensino superior em Administração.

Élcio permaneceu em Jaru até 2007 e desde então reside em Ariquemes. Para ele o período dedicado à música foi de muita aprendizagem, formação de amizades, conhecimento de novas pessoas e o desenvolvimento profissional, algo primordial para quem deseja se destacar em alguma área.

A publicação da série “A História da Música em Jaru” está sendo possível graças a uma parceria entre os principais sites do município e o escritor Elias Gonçalves Pereira. Os textos serão publicados de 13 de maio a 06 de junho de 2019, data em que o escritor lançará nas dependências da Associação Comercial e Industrial de Jaru, o livro “Um Tratado sobre a Música, a Literatura e a Comunicação Jaruense”. A obra conta com 262 páginas e faz uma cobertura de meio século no campo historiográfico local dentro da temática contida no título.

As reportagens serão publicadas na seguinte ordem:

01. Destaques das décadas de 1970 e 1980 – 13/05/2019
02. Juca & Marquinhos – Banda Swing & Country – 14/05/2019
03. Pescador & Garimpeiro – Diamante & Garimpeiro – 15/05/2019
04. Jorge Faccini – 16/05/2019
05. Jenival Silva – 17/05/2019
06. Geoni e Geonito – 20/05/2019
07. Idair Ferreira – 21/05/2019
08. Marcos Paulo & Claudney – Banda Los Arcanjos – 22/05/2019
09. Dalberto & Darnel – 23/05/2019
10. Márcio & Messias – Banda Flash Music – 24/05/2019
11. Mário & Marquinhos – 27/05/2019
12. Eder & Eder – 28/05/2019
13. Divas Diogo – 29/05/2019
14. Heliane Markes – 30/05/2019
15. Arllan Cardek e Banda Maria Juana – 31/05/2019
16. Gilson Fagner – 03/06/2019
17. Banda Country Music / Albatroz – 04/06/2019
18. Beto Neves – 05/06/2019
19. Banda Pelô Art – 06/06/2019

Fonte: Elias Gonçalves
Fotos: Jardes da Silva Brandão, José Élio dos Santos e Elsuênio Alves da Silva
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Fotos: Jardes da Silva Brandão, José Élio dos Santos e Elsuênio Alves da Silva