No Dia Nacional das Comunicações, Rondônia mantém vivas as lembranças do seu principal personagem

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Nos 150 anos de nascimento de Rondon, Correios lançaram sextilha em homenagem ao pioneiro

 

Governo de Rondônia, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT, escolas e Unidades do Exército Brasileiro comemoram hoje, 5 de maio, o Dia Nacional das Comunicações, data que homenageia o Marechal Cândido Mariano Rondon.

 

Em plena era digital, o telégrafo, telex e o fax que funcionavam diuturnamente em décadas passadas, na Capital de Rondônia foram recolhidos e estão conservados no Museu dos Correios*, em Brasília. Se alguém ligá-los, ainda funcionam, a exemplo disso temos um telégrafo instalado numa pequena estação telegráfica no Memorial Rondon, ao lado da Igreja de Santo Antônio, em Porto Velho.

 

Nascido 157 anos atrás, em Sesmaria do Morro Redondo (atual Mimoso no Pantanal Mato-Grossense), Cândido Mariano Rondon foi um dos principais pioneiros na difusão dos sistemas de comunicação no Brasil.

 

A integração mundial das redes de comunicação é uma das principais características da sociedade capitalista, o que consolida o avanço do processo de globalização. Uma mensagem com pouco texto transmitida pelo Código Morse no telégrafo do século passado; demorava horas para chegar ao destino, hoje o telefone celular faz isso em segundos.

 

“Estamos aqui por causa dele. A BR-364 segue mais ou menos o trajeto que ele traçou; Rondon foi um brasileiro sem sucessor”, comenta o jornalista recifense Moisés Selva Santiago, da Superintendência Estadual da ECT, em Porto Velho.

Ele cita o escritor Antônio Cantanhêde, que assim comentava em 1950 as atividades do antigo Departamento dos Correios e Telégrafos em Porto Velho: “Os serviços da Repartição Postal eram efetivados por homens e mulheres (…) conta a diretoria com o valioso concurso de algumas senhorinhas e jovens estafetas e telegrafistas que cumprem patrioticamente com os seus deveres, nesse departamento da Administração Pública Federal, de fins antes altruísticos que econômicos”.

 

Com 49 anos de Rondônia, para onde veio menino, e há 35 nos Correios, o superintendente eventual interino, Wellington Lopes Mendes lembra que a efeméride de hoje já foi anteriormente marcada por selos comemorativos lançados junto com o Governo de Rondônia.

 

Lembrando que no início do século XX, Rondon recebeu o desafio de estender as linhas telegráficas do Mato Grosso à Amazônia, precisamente de Cuiabá ao Acre, cerca de dois mil quilômetros, o jornalista Moisés Selva explica: “Essa missão não efetivou apenas a vitória da comunicação por meio dessa extensão dos telégrafos da então Repartição Postal subordinada ao Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas – um dos tantos nomes que a atual Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos recebeu desde 1663, quando foi criado o Correio-mor”: “Destaca-se, ainda, a vitória alcançada em relação ao enfrentamento de questões humanas e também no povoamento do oeste brasileiro”, acrescentou.

 

O historiador Lourismar Barroso, autor do livro Rondon, uma vida dedicada ao Brasil, conta que o Dia Nacional das Comunicações foi criado em 1971. Ao pesquisar durante sete anosos passos deixados por  Rondon, em Mato Grosso e Rio de Janeiro a vida de Rondon, Barroso deparou-se com documentos que revelam a verdadeira data de nascimento do Marechal Rondon, em 30 de abril de 1965, embora o dia 5 de maio tenha sido consagrado como tal.

 

O historiador cita uma frase que foi de Auguste Comte, sendo modificada por Rondon: “O amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim (lema positivista). R0ndon trazia consigo o sangue que representava este Brasil. No corpo desse militar corre o sangue de índio, caboclo, do negro e do homem branco. O mestiço que pacificou o homem branco.”

 

De 1907 a 1915, Rondon trabalhou com a  geografia, cartografia, botânica, geologia, zoologia, antropologia e a etnografia de populações indígenas e sertanejas. Em suas expedições, trouxe à Amazônia Ocidental Brasileira  o telégrafo, primeiro sistema de telecomunicação nas regiões isoladas do Centro-Oeste e Norte.



 

DOIS BRASIS INTEGRADOS

“Ele conseguiu integrar os dois ‘Brasis”, o “Brasil do litoral” com o “Brasil do interior’, assinala Barroso. “A comunhão entre as pesquisas científicas e o projeto civilizatório presente nas missões comandadas por Rondon tiveram como foco a incorporação dos sertões brasileiros, na virada do século XIX para o XX”, prossegue.

“Na condição de figura mítica da nossa República, Rondon é enaltecido como símbolo da pátria, o homem visionário além do seu tempo. Foi nessa compreensão que o Exército brasileiro resolveu proclamar com o título de Patrono da Arma de Comunicação do Exército através do Decreto n° 51.190 de 26 de abril de 1963. É sabido pelos militares que Rondon teria bebido na fonte das Armas da Cavalaria, Artilharia e Engenharia”, enfatiza o historiador.

 

O trabalho de Rondon chamou atenção do físico Alemão Albert Einstein, que vindo de uma viagem da Argentina, ficou sabendo do seu feito. Einstein enviou em 1925 uma carta ao comitê do Nobel indicando o nome de Rondon ao prêmio Nobel da Paz: “Este homem deveria receber o Nobel da Paz por seu trabalho de absorção das tribos indígenas no mundo civilizado, sem o uso de armas ou violência. Ele é um filantropo e um líder de primeira grandeza”, dizia.

O historiador Barroso acrescenta: “No ano de 1938, o Congresso Internacional de História das Ciências (Lisboa, 1938) tornou-o o único homem a ter o nome de um meridiano terrestre, o de número 52 se chama Meridiano Rondon.”

“Em 1956, o presidente Juscelino Kubitschek propôs o nome de Rondon ao prêmio Nobel da Paz: “Todas as honras são poucas para homenageá-lo, Marechal. Quanto mais visito o interior do Brasil, mais me é apreciar seu trabalho admirável. O senhor mercê muito mais, marechal”.

“Devido às suas relevâncias, em 1957, o Explorer’s Club de Nova York concedeu a Rondon a medalha Livingston, a mais alta honraria que pode ser agraciada pelo Clube à uma pessoa. Rondon foi a única pessoa no mundo que conseguiu andar mais de 77 mil quilômetros a pé ou em lombo de cavalo, o equivalente a duas voltas e meia em torno do planeta terra.”

 

BREVE HISTÓRICO

∎ A comunicação é algo inerente às atividades humanas e dos seres vivos em geral. Instrumentalmente praticada desde os tempos mais remotos, anteriormente até mesmo ao desenvolvimento da escrita.

 

∎ Com o tempo, as sociedades que se constituíram foram, gradativamente, estruturando e aperfeiçoando diferentes métodos que envolviam a emissão e recepção de mensagens, estabelecendo a comunicação entre os mais diversos lugares.

 

∎ Na Idade Média, por exemplo, utilizavam-se mensageiros, que tinham de percorrer grandes distâncias durante vários dias ou até meses para entregar importantes recados. Também eram empregados diversos métodos que envolviam o uso de aves, principalmente os pombos, por estes possuírem características que possibilitavam a sua domesticação e adestramento.

 

∎ Com o tempo, as sucessivas evoluções tecnológicas proporcionadas pelas revoluções industriais permitiram profundas transformações nos meios de comunicação, com destaque para a invenção do telégrafo e, mais notadamente, do telefone, cuja patente foi obtida por Graham Bell, em 1876.

 

∎ Samuel Morse criou o telégrafo em 1852, no entanto, para esse meio funcionar, era necessária a construção de linhas estruturais compostas por postes e fios ao longo de milhares de quilômetros, envolvendo as principais localidades de diferentes regiões. Décadas mais tarde, coube a Rondon a liderança sobre boa parte desse importante feito, que permitiu ao País melhor se desenvolver e integrar-se territorialmente durante os tempos posteriores. (Com dados do site Brasil Escola).

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O Museu Nacional dos Correios, em Brasília, fica no Edifício Apollo, Setor Comercial Sul, 256.
Funciona das 8 às 18h. Foi inaugurado em 1980.

Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Esio Mendes, Daiane Mendonça, Moisés Santiago e arquivo pessoal
Secom – Governo de Rondônia