Lenilda dos Santos foi encontrada morta em setembro e desde então família aguardava retorno do corpo ao Brasil. Ela foi enterrada em Ouro Preto do Oeste (RO). Homenagens também foram prestadas em Vale do Paraíso (RO).
O corpo de Lenilda dos Santos, a brasileira achada morta no deserto quando tentava entrar nos Estados Unidos (EUA), chegou ao Brasil e foi enterrado nesta segunda-feira (15) em Ouro Preto do Oeste (RO).
A técnica de enfermagem, de 49 anos, foi encontrada morta no deserto em setembro deste ano. Ela foi abandonada por um coiote (pessoa paga para atravessar imigrantes ilegalmente pelas fronteiras) e amigos, com quem tentava atravessar a fronteira do México para entrar nos EUA.
Segundo informações de amigos, por volta das 9h desta segunda-feira, o corpo chegou a Vale do Paraíso (RO), cidade onde Lenilda morava. No local, familiares, amigos e colegas de profissão prestaram homenagens.
O corpo foi recebido na praça da entrada da cidade, depois passou em frente ao hospital onde ela trabalhava e na sequência foi levado para ser velado na quadra de uma escola.
O corpo será enterrado na cidade vizinha, Ouro Preto do Oeste (RO), distante aproximadamente 37 quilômetros, onde o pai de Lenilda também está enterrado.
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Para a colega de profissão, Francieli Gomes, toda a situação causou dor na família, principalmente a demora para o retorno para casa.
“O sentimento agora é de alívio porque a família estava sofrendo demais. Dá um conforto saber que ela está aqui. Ela foi uma grande mulher. Somos de cidade pequena e todos sabem o tanto que ela lutou para fazer enfermagem, do sonho de ir para os Estados Unidos. Tudo sempre em função da família”, comentou.
Lenilda saiu de Vale do Paraíso no dia 13 de agosto com o objetivo de atravessar a fronteira entre México e EUA, através do deserto, com ajuda de um coiote. Ela estava acompanhada de dois amigos que moravam na mesma cidade e a conheciam desde a infância. A intenção de Lenilda em ir para os EUA era “dar melhor qualidade de vida para a família”.
Os três viajantes passaram 33 dias na mesma casa esperando o melhor momento para atravessar o deserto. A caminhada iniciou em um domingo e já no dia seguinte Lenilda estava muito desidratada e passando mal.
Em áudios enviados à família, Lenilda conta que os amigos decidiram seguir caminho sem ela, mas voltariam para buscá-la. Ela só precisava seguir andando mais um pouco até o local combinado e aguardar por ajuda.
Lenilda foi encontrada morta nove dias depois. A família acredita que ela morreu de sede após ser abandonada.
“Eles abandonaram ela na segunda. Ela ainda caminhou a terça todinha, chegou no lugar que tinha que chegar e ninguém veio buscar”, conta a filha Genifer Oliveira.
Tentativas de retorno para casa
Após os trâmites burocráticos, o corpo foi liberado para sair do EUA e retornar para o Brasil. Porém o agente funerário responsável pelo translado de Lenilda do Santos, sofreu um infarto na hora do embarque e, por isso, o envio do corpo foi adiado para a próxima semana. A informação foi confirmada ao g1 pela família de Lenilda no dia 21 de outubro.
A previsão era de que o corpo da técnica de enfermagem saísse de Ohio, nos Estados Unidos, em 20 de outubro, dia em que ela completaria 50 anos.
Com o adiamento, segundo a família, todos os documentos teriam de ser refeitos com o novo agente funerário, que substituiu o primeiro agente após ele sofrer o ataque cardíaco.
‘Não chora… a vovó Lenilda tá no céu’
Lenilda dos Santos deixou duas filhas adultas, uma delas é Genifer Oliveira, que tem um filho de cinco anos e está grávida. Segundo a jovem, os filhos são o que dão força para suportar esse momento de perda.
“Eu não tinha força para falar e meu filho de 5 anos chegou em mim e disse: ‘não chora não, porque a vovó Lenilda tá no céu e agora ela têm muitos poderes lá de cima. Ela vai cuidar da gente’. Parece que veio aquela paz no coração quando ele chegou e me falou aquilo”, conta Genifer.
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