A equipe do Programa Profissão Repórter, da Rede Globo, esteve na última semana de agosto em Porto Velho para acompanhar as ações do Poder Judiciário de Rondônia. O foco da produção é a Justiça Restaurativa no sistema penitenciário.
A repórter Eliane Scardovelli e o cinegrafista Eduardo de Paula acompanharam de perto o trabalho realizado pela Acuda – Associação Cultural de Desenvolvimento do Apenado e Egresso, que há mais de 10 anos aplica a constelação familiar, técnica que permite que as pessoas compreendam os princípios morais e pessoais e repensem suas relações a partir de uma nova postura.
A equipe de reportagem esteve no presídio Ênio Pinheiro acompanhando a correição realizada pelo juiz titular da Vara de Execuções e Contravenções Penais da Comarca de Porto Velho, Bruno Sérgio Menezes Darwich. Nas correições, o magistrado cumpre a sua função legal de acompanhar a situação dos presídios e colaborando, no que é sua atribuição, para que o Poder Executivo realize a gestão dessas unidades com a segurança necessária e nas condições que requer a lei. A repórter também entrevistou presos, adentrou em celas e conheceu pavilhões do presídio.
Eliane e Eduardo também acompanharam o trabalho de renomados especialistas internacionais do Istituto di Psicoterapia della Gestalt e Analisi Transazionale, da cidade de Nápoles (Itália), que estiveram na Acuda trabalhando com os detentos a temática Gestalt, renascimento e constelação familiar.
A equipe também participou da constelação familiar aplicada pela psicóloga e consteladora Maria Hercília Rodrigues Junqueira, que trabalha como voluntária no projeto Acuda há mais de 20 anos.
A experiência para a jornalista, ao presenciar o trabalho restaurativo, foi impactante. Ela acompanhou a aplicação do método psicoterapêutico em vários detentos, que puderam rever seu passado por meio da encenação dos conflitos familiares, o que contribuiu para que eles tivessem maior consciência dos motivos que os levaram a praticar os crimes.
Ao se referir ao caso de um preso que cometeu cinco assassinatos, a jornalista Eliane confessou ter se comovido. “Foi muito emocionante ver que tinha ali uma pessoa muito corajosa, que independentemente do erro que tenha cometido no passado, ela estava ali se abrindo, não só para o grupo, mas também para a reportagem, estava expondo a dor dela naquele momento”, disse.
A jornalista falou, ainda, sobre o preconceito que a sociedade tem dessas pessoas, pois “temos a impressão ou estereótipo de que o preso possui um coração frio, que é sanguinário, enfim, que não tem humanidade. Consegui perceber, mesmo nesse caso, que existe alguma humanidade e uma tentativa de realmente se recuperar”, acrescentou.
A Acuda surgiu do espetáculo teatral Bizarrus, que, por meio da arte, demonstrou que é possível ressocializar presos do sistema fechado, associando terapias e atividades laborais. O método revolucionário se tornou metodologia e hoje é difundido como exemplo e referência em todo mundo, tendo sido destaque em outros países como Itália e Espanha.
Centenas de reeducandos já passaram pela Acuda e puderam, de fato, retornar à sociedade como cidadãos melhores
Assessoria de Comunicação Institucional
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