Famílias são afastadas pela pandemia do coronavírus; drama do distanciamento social afeta pais e filhos

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A pandemia do novo coronavírus completou 1 ano nesse mês de março e continua afastando pessoas, seja pelo isolamento social ou pelo distanciamento emocional. Famílias e amigos se mantém à distancia, para se protegerem da Covid-19 que se alastrou por todo o mundo, causando sofrimento e dor. No país, o número de mortes ultrapassa os 300 mil. Em Rondônia, são mais de quatro mil mortes.

 

A publicitária Caroline Moraes Cardoso, teve Covid-19 em dezembro de 2020 e relata como foi complicado manter o distanciamento dos pais em uma casa pequena. “Peguei a doença, mas fiquei em negação por uma semana até receber o resultado de confirmação. Quando o diagnóstico deu positivo eu acreditei que estava doente e nesse momento me bateu o desespero, pois minha preocupação maior não era somente comigo, mas com os meus familiares”.

 

Com os pais inclusos no grupo de risco, Caroline comenta que tentou se isolar no quarto e a mãe passou a dormir na sala. Mesmo com esse cuidado, a mãe acabou se contaminando com a doença. “Depois disso só ela teve contato comigo, a gente sabe que fazer o isolamento dentro de casa é complicado. Meu pai é diabético, hipertenso, minha mãe é hipertensa. O isolamento emocional foi um ponto crítico. Temos o costume de nos reunir em todas as refeições, almoço, jantar, lanche aquele momento na sala, onde ocorre a interação. Foi muito difícil não ter esses momentos em família”.

A publicitária diz que ela e a mãe precisaram se isolar do pai e do irmão e que foi muito complicado. “Tentamos seguir o protocolo com as medidas sanitárias da melhor forma possível para não contaminar os demais. A casa era limpa constantemente e os banheiros lavados e higienizados várias vezes ao dia. As nossas roupas usadas colocávamos em sacos plásticos e lavadas a parte. Eu tinha meu próprio conjunto de louça de alimentação para não misturar com os de uso comum da casa. Tudo nosso era separado. Todos circulavam de máscara dentro de casa. Minha tinha que se paramentar, com luva e máscara para cozinhar”, detalha.

 

Para Caroline, foram aproximadamente 20 dias de angústia e medo de contaminar mais alguém, tendo que conviver com a solidão, mesmo estando perto das pessoas que ama. “ Minha vontade era pegar a minha mãe e me isolar em algum hotel ou um local onde pudéssemos ser cuidadas, mas por questões financeiras não pude fazer. Manter o isolamento em casa é praticamente impossível. Quando você fica doente, fica sozinha, e o maior medo é precisar ser internada e entubada em uma UTI. Tinha medo de que meu quadro de saúde pudesse se agravar e tive que trabalhar isso em minha mente, procurando um ponto de equilíbrio para a solidão. Graças a Deus, em mim, os sintomas foram leves e não precisei ficar internada. Minha mãe também se recuperou bem”.



 

Com as novas variantes da Covid-19 circulando em Rondônia a preocupação aumenta e os cuidados devem ser mantidos, pois de acordo com pesquisas recentes, a contaminação e o agravamento da doença é ainda maior. “Temos a esperança de que a vacina possa trazer a cura para essa doença. Sabemos que vamos viver em um novo normal, mas temos a esperança de poder voltar ao convívio com as pessoas”, pontua Caroline.

 

CUIDANDO DA FAMÍLIA

 

O jornalista, Paulo Ricardo Leal, relata que tem obedecido as recomendações sobre o distanciamento social desde o início da pandemia. Os pais passam a maior parte isolados em um sítio da família e quando estão na zona urbana ficam isolados dentro de casa. Ele conta que há mais de um ano não visita os irmãos. “Sei que sou visto como o chato da família com relação ao distanciamento, mas o fiz e o faria de novo se necessário, pois pretendo preservar quem amo. Posso dizer que as medidas estão sendo muito duras para a nossa família, pois tínhamos o costume de nos reunir para almoços e jantares aos finais de semana.  Em virtude da pandemia do coronavírus tudo isso foi interrompido. As festas de final de ano foram de certa forma bem tristes. Foi tudo virtual”.

 

Paulo Ricardo tem muito contato com hospitais e locais de fácil contaminação por conta de seu ofício, mas tem feito o possível para se resguardar. “Já perdi amigos e conhecidos para essa doença, mas tenho a esperança que logo tudo isso vai passar”.

 

Em setembro de 2021, os pais do jornalista completam 50 anos de casados e não vêem a hora de todos estarem vacinados para comemorar as Bodas de Ouro em família. “Estou torcendo para que a vacina seja um alento de esperança. Quero poder comemorar essa data tão importante com a minha família e voltar a conviver com os meus parentes. Temos muito a agradecer a Deus por termos sido guardados ate aqui. Sei que não tem sido fácil ficar longe de quem amamos. Já chorei várias vezes de saudade dos meus pais e irmãos, mas sei que é importante”.

 

A boa notícia é que nesta quarta-feira (31) de março, os pais de Paulo Ricardo, Walter Costa Silva, (75 anos) e Regina Coeli Leal Silva (69), receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19. A vacinação foi acompanhada por ele, por meio de videochamada. O curioso é que Walter Costa já havia agendado a data para se vacinar, mas preferiu adiar para se imunizar no mesmo dia da esposa.

 

“Quando a vacina chegar para mim sei que vou me emocionar, pois saberei que todo sacrifício e dor terá valido a pena. Estou muito ansioso por essa vacina, onde os laços familiares foram de certa forma distanciados pela pandemia serão restabelecidos. Me parte o coração quando faço uma rápida visita aos meus pais e tenho que ficar um pouco distante deles sem que eu possa dar um abraço, mas todo esse sacrifício só prova que o amor é algo inquebrável e os abraços e interações familiares voltarão normal assim que possível”, finaliza.

 

Fonte

Texto: Dandara Carvalho

Fotos: Edcarlos Ferreira

Secom – Governo de Rondônia