Rondônia se destaca entre os estados do Norte por apresentar os melhores indicadores
Entre as regiões do país, a Região Norte é a que apresenta as maiores taxas de gravidez na adolescência e aquela que apresentou redução mais lenta nas últimas décadas. Num país de dimensões continentais, as desigualdades regionais tendem a se acentuar em desfavor das populações que vivem em rincões de difícil acesso, onde a política pública não chega de forma adequada para garantir os direitos dos mais vulneráveis.
Nesta Semana Nacional de Prevenção à Gravidez na Adolescência, a Associação de Obstetrícia e Ginecologia de Rondônia (Assogiro) alerta as autoridades e convida as famílias e a sociedade em geral a dialogar sobre esse tema que traz reflexos sociais, econômicos e para a saúde da adolescente, da sua prole, da família e da sociedade.
Rondônia se destaca entre os estados do Norte por apresentar os melhores indicadores neste quesito. Iniciou os anos 2.000 com 118,8/1.000, chegando em 2019 com uma taxa de 55,0/1.000 ou seja, uma redução de 53,7% no grupo de adolescentes de 15 a 19 anos. Segundo a médica Ida Peréa, presidente da Assogiro, apesar da expressiva melhora observada nas duas últimas décadas, é muito importante buscar alternativas para continuar a escalada de redução e chegar uma taxa aceitável de 20/1.000 em 2030. Uma meta bastante possível, visto ser Rondônia um estado próspero, cuja economia atravessou a pandemia sem grandes perdas.
A presidente da Assogiro alerta ainda que a gravidez precoce – de 10 a 19 anos – tira das meninas oportunidades de transitar para a vida adulta de forma segura e com chances reais de prosperidade. “Os dados mostram que a gravidez é o mais importante fator de abandono escolar entre adolescentes. Esta situação faz com que elas e seus filhos se mantenham num ciclo vicioso de baixa escolaridade, doença e pobreza”, revela.
A pesquisa “Nascer no Brasil” constatou que das gravidezes que ocorrem na adolescência, 66% são não intencionais, o que significa que de 10 adolescentes que engravidam, 7 não queriam a gravidez para aquele momento. Em um estudo que entrevistou adolescentes que deram à luz na Maternidade Municipal Mãe Esperança (MMME), no período de outubro de 2017 a junho de 2019, através do Projeto De Novo Não, essa taxa foi de 82%.
Outro ponto de atenção, apontado pela especialista, é quanto a gravidez de repetição, que também apresenta índices alarmantes no Brasil. Estudo revela que a taxa de gravidez recorrente variou em torno de 29,1% em pesquisas brasileiras. No Brasil, observou-se que em 2018 a repetição foi de 4,4% para meninas de 10 a 14 anos e 25.8% para aquelas de 15 a 19 anos (DATASUS, 2018). Uma segunda gravidez nesta fase praticamente anula as chances de retornar à escola, pois a adolescente terá que se dedicar aos cuidados dos filhos.
No estudo da MMME, em Porto Velho, esta taxa foi de 23%, menor que o publicado nos estudos nacionais. “Muito provavelmente em decorrência do projeto De Novo Não, que tem por objetivo orientar e oferecer para as adolescentes métodos anticoncepcionais de longa duração antes da alta hospitalar a fim de evitar a reincidência”, avalia Ida.
Na ocasião da Semana Nacional de Prevenção à Gravidez na Adolescência, instituída pelo Governo Federal em 2019 (que determina esta data na semana do dia 1º de fevereiro), a Assogiro traz o tema para discussão a fim de disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência e promover o diálogo entre sociedade civil organizada, poder público e comunidade em geral.
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Assessoria
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