Toda a estrutura do local é resultado de muita cooperação: o terreno foi cedido por um casal para a construção do prédio.
O trabalho de cinco mulheres na gestão de um abatedouro de frangos tem chamado a atenção em Ouro Preto do Oeste (RO) e já caminha para garantir renda de mais famílias da região, através da venda da produção a uma rede de supermercados.
O trabalho no abatedouro é árduo (desde a criação dos pintinhos), mas nada que as cinco mulheres não consigam fazer. A ideia de gerar a renda com o trabalho na zona rural surgiu em 2010, durante reunião com a associação de agricultura familiar.
A criação de frangos para o abate começou de forma irregular, mas no início de 2020 aconteceu a inauguração do local de forma legalizada e dentro das normas sanitárias. Toda a estrutura do local é resultado de muita cooperação: o terreno foi cedido por um casal para a construção do prédio.
Com o auxílio da Emater e de outros órgãos, a agroindústria conseguiu o selo de inspeção municipal e revende o produto no comércio local de Ouro Preto do Oeste.
Alvina Teixeira de Fraga, coordenadora e sócia da agroindústria, está desde o início no projeto.
“A gente queria ganhar dinheiro, mas não sabia como. Com o incentivo da Emater, resolvemos criar os frangos. Nós éramos em 23, aí foi desgastando, se perdendo ao longo do caminho e hoje estamos em cinco. Eu espero que nosso empreendimento gere renda não só para as 5, mas em prol de uma associação, de uma comunidade”, afirma Alvina.
A Associação de Agricultura Familiar é formada por 43 sócios. A agroindústria tem capacidade para manter 2,5 mil aves durante noventa dias, que é o tempo médio da cadeia de produção. A ideia é de que em breve as cinco mulheres consigam incluir as famílias da associação na criação dos frangos.
“Nós somos um abatedouro, estamos na coordenação do abatedouro, mas a o criadouro pode vir dos 43 sócios que temos. A associação em si é sem fim lucrativos, mas nós estamos trabalhando para ser lucrativo. O nosso é abatedouro, mas o criadouro a gente quer dar preferência para eles, porque não vamos dar conta de criar, abater e vender”, afirma dona Alvina.
A Emater também acredita que o abatedouro de frangos tem grande potencial na região.
“Ela [associação] tanto vai fazer o desenvolvimento da linha 166, como da comunidade em volta, e também vai fazer o desenvolvimento econômico da atividade da avicultura no município de Ouro Preto e também da grande região, por também ser uma das únicas agroindústrias que tem aqui nessa região”, diz Lilian Baborsa Lurde, zootecnista da Emater.
Para as mulheres, a agroindústria é muito importante. Isso porque, além do trabalho, elas veem como uma oportunidade para quem mora na área rural.
“Já faz dez anos que trabalho aqui, no sítio a gente não tem muita oportunidade de renda, aqui a gente não tem muita oportunidade, e a oportunidade que eu vi foi essa”, conta Fernanda Pereira, outra sócia da agroindústria.
Em uma das salas da agroindústrias, os frangos são empacotados, vão para o freezer e depois seguem para a comercialização. Por enquanto a maior parte do trabalho é manual, mas um maquinário deve começar a funcionar em breve para auxiliar na produção das mulheres.
Apesar da força empenhada nas tarefas, a equipe encontra vários obstáculos. A pandemia, por exemplo, influenciou na redução da entrega de pintinhos. A meta é abater 500 aves por semana, mas por enquanto, elas têm realizado o abate de 250 aves, em média.
As empreendedoras trabalham agora para construir uma fossa séptica e conseguir uma licença ambiental. Com mais esse objetivo alcançado, elas poderão vender os frangos a uma rede de supermercados do estado de Rondônia.
Por enquanto, a renda adquirida no abatedouro tem servido apenas para manter as despesas do local. Mas a expectativa é de que a venda para todo o estado possa proporcionar uma arrecadação suficiente para todos os custos e, assim, conseguir algum lucro.
“Com a licença ambiental concluída, nós vamos conseguir colocar os produtos delas na principal rede de supermercados de Rondônia. E isso vai trazer pra elas os lucros que elas há dez anos elas tem tentado colher”, diz a zootecnista da Emater.
Para aproveitar o espaço da agroindústria, além do abate de frangos, elas também plantam e colhem. Há melancias e abóboras prontas para serem vendidas.
Deixe seu comentário