Polícia Civil diz que ossada encontrada em RO pertence a jovem morto por ‘queima de arquivo’

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Ossada foi encontrada no último dia 26, em Buritis; Vítima teria sido morta em 2008. Caso faz parte da Operação Viúva Negra, que investiga três homicídios por questões passionais.

 

Polícia encontra ossada e roupas em Buritis, RO — Foto: Polícia Civil/ Divulgação

 

A Polícia Civil divulgou que a ossada humana encontrada no último fim de semana em Buritis (RO), no Vale do Jamari, pertence a um jovem, que foi morto por queima de arquivo. A descoberta faz parte da Operação Viúva Negra, deflagrada para investigar três homicídios, ocorridos entre 2008 e 2019, que teriam sido ordenados pelas esposas de duas das vítimas. As duas mulheres e um homem foram presos.

De acordo com o delegado responsável pela operação, Rodrigo Spiça, de Presidente Médici (RO), todo o caso iniciou no município em março de 2008, quando o adolescente de 15 anos na época, presenciou a morte do patrão, enquanto ambos ordenhavam vacas na propriedade rural do homem.

“Na época, o adolescente desapareceu do município antes de ser ouvido pela polícia na investigação, sendo que no curso do inquérito surgiram elementos de que ele teria participação no crime por questões passionais, haja vista uma possível relação extraconjugal com a esposa da vítima”, descreveu o delegado em nota emitida.

A esposa do fazendeiro, chegou a ser indiciada pelo homicídio e foi levada a Juri Popular, mas acabou sendo absolvida por falta de provas e, desde então, o caso estava arquivado.

Segundo a Polícia Civil, as investigações tiveram uma reviravolta, após um homem de 42 anos ter sofrido uma tentativa de homicídio, em novembro de 2018, e ser assassinado em janeiro deste ano, em Presidente Médici. João Ramos de Souza, havia terminado o relacionamento com a esposa e tentava reatar a relação.

Entenda os fatos

Após a morte do fazendeiro, em 2008, o funcionário dele, de 15 anos na época, fugiu de Presidente Médici e foi para Buritis (RO), onde passou a morar com a viúva do fazendeiro, a irmã dela e o então marido, João Ramos de Souza.

Ainda naquele ano, o adolescente foi surpreendido enquanto dormia em um colchão improvisado na sala da casa, por João Ramos e a esposa dele, que desferiram golpes de madeira na cabeça do jovem, que morreu no local. O casal enrolou o corpo da vítima no colchão e o enterrou em uma fossa existente no quintal da propriedade.



Dez anos depois, em novembro de 2018, novamente na cidade de Presidente Médici, João Ramos e a esposa terminaram o relacionamento, mas quando tentou reatar a relação, ele sofreu uma tentativa de homicídio. Nas investigações, o atual companheiro da mulher foi identificado como autor do crime pela Polícia Civil.

De acordo com o delegado Rodrigo Spiça, João Ramos passou a ameaçar o atual namorado da ex e pressioná-la para que eles reatassem o casamento.

“Ele estava tão desesperado com a separação e com o fato dela estar num novo relacionamento, que começou a fazer revelações sobre os crimes. Segundo testemunhas, João comentou com várias pessoas que se entregaria à Polícia, pois ele havia sido contratado para matar o fazendeiro, pela própria esposa da vítima, que é irmã da ex companheira dele”, cita o delegado na nota.

Segundo a nota, João Ramos ainda comentou que havia matado o adolescente com a ajuda da ex-companheira, a mando da ex-cunhada, pois todos temiam que ele contasse que João tinha assassinado o fazendeiro. O casal recebeu da viúva R$ 1 mil para matarem o jovem.

Coincidentemente, no dia 30 de janeiro deste ano, depois de fazer as revelações à testemunhas, João Ramos foi surpreendido por dois suspeitos em uma motocicleta, que efetuaram nove disparos de arma de fogo contra ele, em Presidente Médici. Ele chegou a ser socorrido com vida, mas morreu após da entrada no hospital.

“Os elementos de informação colhidos na investigação apontaram com segurança que as responsáveis pelo referido crime, na condição de mandantes, foram as viúvas e irmãs, com a finalidade de ocultar a autoria dos crimes praticados contra o fazendeiro e o adolescente, haja vista que João ameaçava procurar a polícia para contar a história”, revela a nota.

Diante dos fatos, a Polícia Civil do município pediu pela prisão preventiva das irmãs e o namorado de uma delas, que foram expedidos pelo juízo local. Durante as investigações, a polícia conseguiu recuperar um vídeo gravado por João Ramos, em que ele confessa a autoria dos dois crimes cometidos em 2008.

A polícia realizou uma série de diligências entre Presidente Médice, Sapezal (MT) e Buritis para verificar a possível localidade dos restos mortais, até que foi encontrado no segundo dia de buscas, em Buritis. Junto à ossada, também foram encontradas um vestido e uma calça, possivelmente utilizado pelo caso durante o momento da execução.

As Polícias Civis trabalham para investigar o homicídio e a ocultação de cadáver do adolescente em Buritis, e na identificação dos suspeitos que assassinaram João Ramos em Presidente Médici.

Fonte: G1 Ariquemes e Vale do Jamari