Águas do Oceano avançam sobre Rio Amazonas; apontam estudos feitos por Pesquisadores do Observatório Popular do Mar

Publicada em


Moradores abandonam casa atingida por erosão no Rio Araguari, no Amapá. Foto: Rafael Aleixo/g1

 

  • Dados do projeto Omara estão expostos na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) realizada no Sebrae até 22 de outubro.

 

Pesquisadores do Observatório Popular do Mar (Omara) apresentam, na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), os resultados de estudos feitos desde 2023 sobre a costa do Amapá. O evento ocorre no Sebrae, em Macapá.

 

A pesquisa feita por especialistas do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) e da Universidade do Estado do Amapá (Ueap) e mostra como o Oceano influência na dinâmica do Rio Amazonas.

 

A coordenadora do projeto destaca que o Omara também busca aproximar a população dos temas ligados ao mar e à preservação ambiental.

“Aqui no Amapá temos influência muito forte do mar pois estamos na foz do Rio Amazonas e o mar tem uma influência direta com nossa dinâmica dos rios. O mar determina o nosso clima, a quantidade de chuva, ele determina uma série de coisas”, afirmou Janaina Calado.

 

Umas das áreas estudadas pelo Omara é o avanço do mar sobre o Rio Amazonas, o que impacta diretamente comunidades ribeirinhas.

 

A produção de água potável no arquipélago do Bailique é uma das preocupações. Uma maquete com as comunidades da região mostra aos visitantes como a água doce está sendo contaminada pela salinização.

 

A comunidade de Freguesia é uma das atingidas. De acordo com o pesquisador Nataliel Rangel, os moradores dependem de poços e da água do rio para tarefas do dia a dia.

“Essa maquete mostra onde estão as comunidades. O Rio Amazonas é a principal fonte de vida para esses moradores, mas muitos já sentem os efeitos das mudanças climáticas. Antes, a água potável estava na porta de casa. Agora, mudou”, disse Nataliel.

 

O objetivo do projeto Omara é usar os dados para orientar decisões que ajudem a reduzir os impactos das mudanças climáticas na costa amazônica.



“Não é só levantar dados. É mostrar resultados práticos. Estudar o mar do Rio de Janeiro é bem diferente do Rio Amazonas. Precisamos de informações precisas”, destaca o pesquisador.

 

O projeto conta com 11 estações de monitoramento. Elas cobrem a Beira Amazonas, o arquipélago do Bailique e a costa da ilha do Marajó, incluindo comunidades de Chaves, no Pará.

 

O projeto usa uma versão adaptada do sistema australiano CoastSnap para monitorar a costa. Também são usados instrumentos como refratômetro, disco de Secchi e cone de Imhoff.

 

Avanço da salinização

A salinização acontece naturalmente com o avanço do Oceano Atlântico sobre o Rio Amazonas. Antes, o problema se agravava apenas na seca. Agora, segundo os estudos, o fenômeno se intensificou por causa do desmatamento.

 

Como resposta ao problema, o governo do Amapá instalou uma máquina de dessalinização. Segundo a Caesa, ela produz entre 2,5 mil e 3 mil litros de água por dia, com capacidade de 250 a 300 litros por hora, funcionando por 10 horas diárias.

 

Semana da Ciência e Tecnologia

A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia tem como tema “Planeta Água: cultura oceânica para enfrentar as mudanças climáticas no meu território”. A programação inclui palestras, oficinas, exposições e painéis sobre ciência, inovação e sustentabilidade.

 

O evento busca unir ciência, cultura e saberes regionais, destacando o papel dos oceanos na vida das pessoas e na preservação do meio ambiente. A organização é do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com apoio do Ministério do Meio Ambiente, da Setec e da Ueap.

 

 

 

Fonte: Mariana Ferreira, g1 AP