
A ausência de saneamento básico afeta o cotidiano, em especial, das mulheres. Dados foram divulgados pelo Instituto Trata Brasil.
O Instituto Trata Brasil divulgou que 54,7% das mulheres no estado de Rondônia não têm acesso à rede de água tratada. Em âmbito nacional, o percentual de pessoas sem acesso se mostrou ainda mais elevado nas regiões Norte (40,7% da população) e Nordeste (19,8% da população).
Em Rondônia, a falta de água tratada e o consumo de água imprópria resultaram em uma média de 193,5 casos de doenças causadas por veiculação hídrica. Os dados foram levantados com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua e na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), ambas de 2019.
A taxa de incidência é calculada considerando o número de casos ocorridos e o total da população, ou seja, ela mede os afastamentos em termos relativos. A taxa de incidência é expressa em casos por mil habitantes.
Em todo o Brasil, naquele ano (2019), foram registrados mais de 80 milhões de casos de afastamento por doenças de veiculação hídrica ou por doenças respiratórias, com uma incidência de 737 casos a cada mil mulheres. Cada afastamento comprometeu, em média, 4,57 dias da vida das mulheres afetadas.
As doenças de veiculação hídrica incluem: cólera, febre tifoide e paratifoide, shigelose, amebíase, diarreia e gastroenterite, e outras doenças infecciosas intestinais, além da leptospirose.
Ao todo, o levantamento do Trata Brasil estima que foram perdidas 8,854 bilhões de horas devido a esses afastamentos, o que equivale a aproximadamente 81,7 horas por mulher brasileira. Desse total, cerca de 69,9% das horas comprometidas estavam relacionadas a atividades essenciais para o bem-estar, como alimentação, higiene pessoal, compras, prática de esportes, momentos de lazer, cuidados com a saúde e simples descanso.
A consequência desse cenário afasta estudantes das aulas ou da realização de atividades acadêmicas, trabalhadoras perdem produtividade e renda, e cuidadoras sacrificam horas de descanso e lazer. Se as mulheres adoecem, dependentes e familiares também sofrem; se é o familiar que adoece, a mulher é quem costuma abdicar de si para cuidar do outro.
ÁGUA TRATADA EM RONDÔNIA
Pelo menos quatro cidades de Rondônia contam hoje com a universalização do acesso à água tratada: Ariquemes, Buritis, Pimenta Bueno e Rolim de Moura. Todos esses municípios são atendidos pelo Grupo Aegea.
Em Ariquemes, onde a Águas de Ariquemes atua desde 2016, o acesso à água tratada é universalizado. No entanto, persistem preocupações, principalmente em relação à conexão da população à rede. Um estudo recente, realizado pela Universidade Federal de Rondônia (Unir) no campus de Ariquemes, apontou que todos os poços da cidade estão contaminados.
Esses poços locais são acessados por parte da população que resiste a se conectar à rede de água tratada. Dados atualizados da Secretaria Municipal de Saúde de Ariquemes apontam que apenas no ano passado foram mais de mil atendimentos relacionados a doenças de veiculação hídrica na cidade.
Além do acesso universalizado à água, o município avança com a rede de esgoto. Até o fim de 2025, a cidade contará com 40% de coleta e tratamento de esgoto.
Em Buritis, onde a Águas de Buritis atua desde 2015, o desafio é ainda maior. Em 2024, a Unir apontou que, assim como em Ariquemes, todos os poços da cidade estavam contaminados. Lá, menos da metade da população está conectada à água tratada.
O cenário é mais preocupante, já que, segundo o estudo, inclusive restaurantes e lanchonetes utilizavam água de poço para lavar e produzir alimentos, por exemplo.
Tanto em Ariquemes, quanto em Buritis os estudos apontaram que a água da rede pública atente os padrões de portabilidade e são seguras para o consumo humano.
ÁGUA TRATADA EM UNIÃO BANDEIRANTES
Distrito de Porto Velho, União Bandeirantes vive um novo tempo. Localizado a cerca de 160 km da capital, o governo de Rondônia entregou recentemente o novo Sistema de Abastecimento de Água, que passa a ser operado pela Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (Caerd). O investimento foi superior a R$ 9 milhões, provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e de contrapartida do estado.
A estrutura garante 100% de cobertura de água tratada para seus 30 mil moradores. A nova infraestrutura inclui uma Estação de Tratamento de Água (ETA) com capacidade de 30 litros por segundo, estação elevatória, reservatório semienterrado com mil metros cúbicos, 3.577 metros de adutora, mais de 40 mil metros de rede de distribuição e 979 ligações domiciliares.
Ainda não há números sobre a quantidade exata de imóveis ligados à rede de água tratada.
Com a universalização do acesso à água tratada e aos serviços de esgotamento sanitário, as mulheres brasileiras deixariam de desperdiçar parte das horas dedicadas ao afastamento de suas atividades rotineiras devido a doenças respiratórias e de veiculação hídrica. Estima-se que o total de horas de afastamento em razão das doenças associadas à falta de saneamento cairia de 8,854 bilhões por ano para 7,264 bilhões por ano. Isso indica uma redução potencial de 1,590 bilhão de horas perdidas com esses problemas de saúde.
Neste domingo, 11 de maio, data em que é celebrado o Dia das Mães, é fundamental recordar que garantir saneamento básico para todos é também garantir dignidade, saúde e oportunidades iguais para mulheres que dividem suas jornadas entre cuidar dos outros e de si mesmas.
Fonte: Assessoria
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