IFRO segue orientações de pesquisadores sobre atual situação climática

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IFRO Campus Jaru. Foto: Arquivo portal p1

 

Devido à elevada concentração de fumaça e de partículas decorrentes das queimadas, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO) publicou portaria que suspende, temporariamente, as atividades de ensino, pesquisa, extensão e administrativas que sejam realizadas ao ar livre. A notícia pode ser lida aqui.

 

Segundo o Reitor Moisés Rosa, “estamos atravessando um período de alta poluição do ar. Para minimizar os impactos em nossa saúde, o IFRO vem realizando ações a fim de assegurar que todos tenham qualidade de vida na instituição. Com a colaboração de profissionais do Censipam e de pesquisadores, cientistas e profissionais da saúde, publicamos documentos recomendando ações que protegem dos efeitos da fumaça. Segundo esses especialistas, locais fechados e refrigerados protegem mais do que áreas externas, por isso suspendemos momentaneamente as atividades realizadas ao ar livre”.

 

A situação crítica da qualidade do ar será monitorada periodicamente pela gestão institucional enquanto durar o estado de emergência em Rondônia.

“A nossa gestão está mapeando cotidianamente a situação para, com dados precisos e científicos, tomar decisões adequadas. Com o apoio e o cuidado de todos, nós vamos passar por este momento difícil. Muito obrigado a todos vocês, continuamos juntos para melhorar ainda mais a nossa instituição”, explica o Reitor.

 

Na avaliação do Diretor-Geral do Campus Porto Velho Zona Norte, Jeferson Cardoso da Silva, “diante da crescente e constante onda de poluição provocada pelas queimadas que afeta nosso estado, especialmente a capital Porto Velho, e após intensas discussões com a equipe gestora do IFRO, decidiu-se a partir de evidências científicas implementar um plano de contingência para a instituição. Tal medida é crucial para mitigar os impactos do contato com o material particulado fino que se encontra em suspensão atualmente na atmosfera do estado. A fim de proteger a saúde de nossos estudantes e servidores, o plano envolverá ações imediatas para enfrentar e reduzir os efeitos da poluição”.

 

Decisão colegiada

Reunidos virtualmente, gestores da Reitoria e dos campi do IFRO ouviram em um primeiro momento o apoio técnico de servidores do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) – o  Analista de Ciência e Tecnologia Carlos Biasi e o servidor do Ministério do Trabalho Rafael Wagenmacher, que atua no desenvolvimento de sistemas do fogo  do Censipam – e, em um segundo momento, profissionais de saúde e cientistas do IFRO e do Instituto Karolinska (Universidade Estatal Pública Sueca).

 

Neste segundo momento, participou o Pneumologista Vinicius Silva Barros, que demonstrou que “por conta das queimadas, estamos passando um período difícil com a poluição atmosférica atingindo níveis recorde. Desse modo, são necessárias medidas coletivas e individuais que atenuem os danos da poluição à saúde de toda a população e proporcione alguma segurança para o desenvolvimento das atividades cotidianas. Seguimos atentos e vigilantes já que estamos apenas no começo desses dias cinzentos”.

 

A Professora do IFRO Campus Porto Velho Calama, Nathália Araújo, esteve presente e é uma das colaboradoras nas ações no sentido de minimizar os efeitos da poluição causada pela fumaça.

“Através do projeto de pesquisa ‘Queima de biomassa na mesorregião amazônica Madeira-Guaporé: efeitos sobre a saúde humana’ (aprovado no edital Universal CNPq 2023) e de parceria estabelecida com o Instituto Karolinska (Suécia), instalamos três sensores (Purple Air) para avaliar a qualidade do ar em termos de concentração de material particulado (MP). Os sensores foram instalados nos campi do IFRO Guajará-Mirim e Calama e na Resex Rio Ouro Preto (também no município de Guajará-Mirim)”.

 

Ainda segundo a docente, “nossos dados preliminares apontam que durante o mês de agosto os níveis de MP 2,5 se mantiveram muito acima do considerado aceitável tanto pela OMS (máximo de 15 ug/m3), como pelo CONAMA (máximo de 60 ug/m3). O sensor instalado no Campus Calama registrou que apenas quatro dias do mês de agosto tiveram concentrações de MP 2,5 menor do que o limite máximo considerável aceitável pelo CONAMA. Além disso, tivemos um pico de poluição com cerca 350 ug/m3 no dia 28 de agosto. Já o sensor instalado no Campus Guajará-Mirim, registrou um pico de poluição de cerca de 700 ug/m3 de MP 2,5 no dia 27 de agosto e apenas seis dias do mês de agosto estiveram com níveis menores que o estabelecido pelo CONAMA”.



 

“Durante reunião com a equipe de gestores do IFRO, realizada no último dia 2 de setembro, foi possível apresentar o projeto, discutir nossos resultados preliminares e as ações que podem ser adotadas para minimizar os impactos da poluição do ar. Entre essas ações destacamos: aumentar a ingestão de água e líquidos; reduzir ao máximo o tempo de exposição; manter portas e as janelas fechadas; evitar atividades e exercícios ao ar livre; e adotar o uso máscaras do tipo N95/PFF2”, completou a docente. Ela ainda passou o site para acompanhar os dados em tempo real: https://map.purpleair.com/1/mPM25/a10/p604800/cC0#11/-8.7392/-63.8548

 

Em resumo, na reunião do dia 29/8, foi discutida a grave situação das queimadas e da fumaça em Rondônia, com apresentações técnicas de especialistas do Censipam sobre a qualidade do ar e a possibilidade de mitigação diante de possíveis impactos na saúde. Foram propostas ações como a compra de máscaras, a instalação de umidificadores nas salas de aula e a suspensão de atividades físicas ao ar livre, além de uma nova reunião com um profissional de saúde para orientações adicionais. Os pesquisadores do Censipam fizeram apresentações técnicas, incluindo a plataforma de monitoramento de queimadas e a situação climática atual, em que se falou da gravidade da fumaça na região. A discussão apontou a densidade da fumaça, qualidade do ar e previsões climáticas desfavoráveis para o mês de setembro. Questões que colocam em riscos à saúde devido à alta concentração de partículas no ar.

 

Também neste encontro os diretores dos campi relataram a situação local, as medidas tomadas e as preocupações com a saúde dos alunos e servidores. E foi indicado ser convidado um profissional de saúde para uma reunião para fornecer orientações técnicas sobre os impactos da fumaça na saúde.

 

Já na reunião de 2 de setembro, em que Natália e Marcos Felipe discutiram um projeto financiado pelo CNPQ e pelo Instituto Carolina Suécia, foi concretizada a proposta de criação de um plano de contingência. O grupo envolvendo diretores, enfermeiros e membros da comissão de saúde foi criado para definir ações específicas e proteger a comunidade acadêmica. Ficando encaminhado que uma decisão futura sobre a suspensão total das atividades presenciais poderia ser tomada após uma reflexão mais aprofundada e consulta aos profissionais de saúde.

 

Consequências sociais em outros âmbitos

Entre as diversas consequências que o período seco e de queimadas traz para a região está a relatada pelos alunos que representavam o IFRO em outro estado e precisaram se deslocar. Estudante do Curso Técnico em Química Integrado ao Ensino Médio do Campus Calama, Gean Cespedes relata que “na saída de Porto Velho para Brasília (Brasília foi a conexão na ida e volta), por causa da fumaça que já estava muito presente em minha cidade, mas a pior parte foi com toda certeza na volta, em que nosso voo foi cancelado. O problema de verdade foi a incerteza de quando voltaríamos para Porto Velho tendo até mesmo uma proposta de viagem de ônibus, apesar dos problemas ocasionados pela fumaça a companhia aérea prestou toda a assistência”. Ele relembra que a demora diante do cancelamento do voo: “outros voos já tinham sido cancelados o que ocasionou em um congestionamento de pessoas na parte de alocação nos hotéis. Nosso voo foi remarcado para o dia seguinte e embarcamos com medo da fumaça ser a causa de nossa volta para Brasília ou até mesmo de uma tragédia. Quando chegamos em Porto Velho todos os passageiros bateram palmas, pois nos sentimos aliviados”.

 

Apesar do imprevisto, o aluno diz ter guardado boas memórias da participação no evento. Ele foi um dos 20 estudantes que representaram o Campus Calama no XIV Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação (Connepi), realizado em Belém (PA), de 27 a 29 de agosto. Além Gean, a acadêmica de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS), Emily de Lima Ereira Nobre, fala que “ter o voo cancelado diversas vezes por causa da fumaça densa que cobria o estado foi extremamente frustrante e angustiante”.

 

“A cada nova tentativa de decolagem, a frustração e a ansiedade só aumentavam, mas a prioridade à segurança dos passageiros era sempre evidente. Após várias tentativas e atrasos, o voo finalmente aconteceu, trazendo um misto de alívio e compreensão sobre a força da natureza e a necessidade de adaptação diante dessas situações. Quando o avião pousou com segurança, o clima dentro da aeronave mudou completamente – todos comemoraram e aplaudiram tripulação, levantando o ânimo dos passageiros, criando um momento de alívio e união após tanto nervosismo”, demonstra a discente.

 

 

 

Fonte: Instituto Federal de Rondônia/IFRO