Economista de Rondônia faz análise técnica das variáveis da cadeia do leite

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Desde o inicio desse ano de 2023 tenho buscado estudar os preços de referência para o pagamento do litro do leite “in natura” pago pela indústria aos produtores rurais de Rondônia, e, aparentemente essa atividade tipicamente da agricultura familiar, trabalha para apenas fazer o giro nas suas propriedades, não perfazendo uma margem eficiente de receita. 

 

Tomando como base os valores indicados pelo CONSELEITE DE RONDÔNIA, que edita sempre no início de todo mês o Valor de Referência do Leite Padrão para um litro de leite, sempre tirado 30 dias antes, e pago as vezes mais 10 ou mais 15 dias adiante; podemos concluir que essa margem de “lucro” na atividade da produção do leite é próxima mesmo de zero. O que permite em termos acadêmicos e comerciais, promover a necessidade de um estudo mais amplo e eficiente das causas desse fenômeno. 

 

Outras informações que tomei como base são o preço médio no Brasil do mercado de compra do litro de leite que o CEPEA – centro de Estudos Avançados em Econômica Aplicada realiza há tantos anos, contribuindo em muito para as correções normais da competição de mercados. 

Vamos aos dados, portanto. 

 

No ano de 2021 temos os seguintes referenciais aqui no estado de RO para o pagamento de um litro de leite aos produtores locais: no mês de janeiro R$ 1,7844 e nos meses de fevereiro e março o mesmo valor de R$ 1,2524 e n mês de abril R$ 1,2560 mais adiante no mês de JULHO R$ 1,6809 e setembro R$ 1,6667 e no final do ano, dezembro o produtor rural tirador de leite recebeu apenas R$ 1,4903: enquanto nesse mesmo período (2021) o mercado nacional de compras do produto pagou em média R$ 2,43. 

 

Em Rondônia ao longo dos meses do ano de 2022 o pagamento de um litro de leite classificado pelos laticínios como de média qualidade oscilou entre R$ 1,4719 em janeiro, R$ 1,6697 em abril, R$ 2,2418 em julho e R$ 1,7844 em dezembro. E na média nacional esse mesmo ano indústrias em vários municípios e estados com produção leiteira pagou em média R$ 2,52 por litro entregue. 

 

 

Mais uma informação importante para os nossos leitores da coluna. 

 



O CONSELEITE é um organismo paritário criado por lei estadual e que se reúne mensalmente para deliberação em cima de dados socio econômicos e de mercado, aplicando equações de equilíbrio entre os preços dos insumos dentro da propriedade na produção e entrega do leite e que também considera o mix de produtos da indústria e seus custos para a industrialização e comercialização de seus produtos, sendo uma contribuição importante como preço de referência e mediador entre os produtores e os compradores, mas é importante analisar também aspectos relacionados com o mercado regional e as forças externas de competição nesse mercado que, por exemplo teima a vinte anos em pagar pelo leite apenas 40 ou 50 dias após a sua entrega e fazer em muitas ocasiões uma certa distinção entre a “qualidade” do litro de leite adquirido, dependendo da época do ano e de outros fatores menos ortodoxos. 

 

O fato é que ao analisarmos os números mês a mês desse preço de referência, há milhares de proprietários rurais de pequenas e medias propriedades que muitas vezes pagam para trabalhar. 

 

Uma simples análise do preço médio pago em 2021 e 2022 no estado de RO e o preço médio pago no Brasil a outros tiradores de leite, percebemos que há distorções que carecem de um olhar mais efetivo do governo do estado, da assembleia legislativa e outros órgãos de Estado para promover na cadeia do leite, uma forma mais justa de pagar o trabalho e o empreendedorismo rural. 

 

Anote por favor na sua caderneta: em 2020 a média nacional de pagamento pelo litro de leite foi de R$ 2,04 em 2021 foi de R$ 2,43 e em 2022 ficou na casa dos R$ 2,52. 

Rondônia pagou em média no ano de 2022 R$ 1,9075 e no ano de 2021 o valor de R$ 1,4742. 

 

Bom, se você considerar que ao longo do ano de 2.020, isso mesmo, ano da pandemia mundial, o Brasil pagou em média R$ 2.04/litro de leite aos produtores rurais, estamos aqui em Rondônia no mínimo 24 meses no túnel do tempo; posto que em 24 meses houve inflação e acréscimos de preços nos diversos insumos que a produção rural de leite precisa para fazer as suas entregas diárias. Não é mesmo à toa que desde 2019 muita gente está deixando essa atividade. 

 

 

 

Fonte: Aroldo Vasconcelos/ Portal Gente de Opinião