58% das pessoas com medo de descobrir uma doença irreversível relacionada à visão são mulheres, mostra pesquisa

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Mulheres com problemas na visão

As mulheres são mais afetadas por doenças oculares do que os homens

 

 

Uma pesquisa feita pela Clínica de Oftalmologia Integrada (COI), especialista em saúde dos olhos localizada no Rio de Janeiro, mostra que as mulheres representam 58% das pessoas que sentem medo de descobrir alguma doença sem cura relacionada à visão.

De acordo com um levantamento feito pelo Healthy Vision Institute, dos Estados Unidos, as mulheres são mais propensas a sofrer com doenças oculares, como glaucoma, cegueira, cegueira noturna, entre outras. O estudo foi feito com 10,5 mil entrevistados. No Brasil, as respostas de 1007 adultos revelam que 57% das mulheres relataram algum problema nos olhos. Os homens registraram 47%.

Com a catarata, doença apontada como uma das maiores causadoras de cegueira no mundo (51%), não é diferente. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 39% das mulheres sofrem com a condição, enquanto os homens ficam na casa dos 29%.

Mulheres são mais propícias a problemas de visão

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que existam cerca de 45 milhões de cegos no mundo. Dois terços são mulheres, ou seja, 30 milhões de pessoas.

As razões para que as mulheres sejam mais afetadas que os homens são variadas. O primeiro ponto é a longevidade. Elas têm mais chances de desenvolver doenças que podem levar à cegueira porque, de modo geral, vivem mais – e grande parte dos problemas oculares atingem os mais velhos, normalmente maiores de 60 anos. O relatório de 2020 do IBGE mostra que a expectativa de vida delas é de 80,3 anos, enquanto a deles é de 73,3.

As mulheres também têm mais propensão ao desenvolvimento de doenças variadas, muitas vezes causadas por questões hormonais – menopausa, uso de contraceptivos e gravidez – ou genéticos. Deficiência de vitamina A e distúrbios metabólicos, como a diabetes, também entram na lista. De uma forma ou de outra, essas condições provocam alterações oculares que podem resultar em diagnósticos concretos.

Fatores sociais e culturais, como a desigualdade de gênero, também são apontados como causas para que as mulheres sofrem mais com as doenças, embora ainda não existam estudos com maiores detalhes.

 

Homens cuidam menos da saúde do que as mulheres



É estimado que boa parcela das pessoas com perda de visão completa poderiam ter evitado a cegueira se tivessem informações apropriadas sobre a saúde e realizado consultas oftalmológicas regulares.

Nesse sentido, as mulheres saem da frente, já que representam parte da população que, comprovadamente, cuidam mais da saúde. Dados do Programa Nacional de Saúde (PNS) mostram que 82,3% das mulheres buscaram atendimento médico antes da pandemia, em 2019, contra 69,4% dos homens.

Daniel Xavier Lima, professor da faculdade de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), diz que os homens geralmente procuram algum serviço de saúde quando o problema já está instalado. Como não costumam realizar exames preventivos e de rotina, eles têm mais chances de morrer precocemente.

A diferença de comportamento é histórica e cultural, mas também motivada pela biologia. É comum que as mulheres iniciem uma rotina médica mais intensa após a primeira menstruação, que exige o acompanhamento anual. O uso de métodos contraceptivos e alterações hormonais também fazem com que elas visitem mais os consultórios.

Fatores sociais também contribuem para esse fenômeno. Ainda de acordo com Daniel Xavier Lima, devido às expectativas relacionadas à masculinidade, os homens exibem grande hesitação em demonstrar o que poderiam ser considerados sinais de fraqueza, algo que é refletido até mesmo na integridade física, quando não buscam cuidar da saúde com maior atenção.

Esse cenário vem mudando gradativamente. De acordo com o Sistema de Informação Ambulatorial (SIA) do Sistema Único de Saúde (SUS), a busca dos homens por atendimento médico aumentou em 49,96% entre 2016 e 2020. Mesmo assim, as mulheres ainda cuidam mais da saúde.

Levando em conta todas essas informações, é esperado que a maioria das pessoas que sentem medo do diagnóstico de doenças oculares sejam as mulheres, como mostra a pesquisa da Clínica de Oftalmologia Integrada (COI), já que elas têm maior presença na realização de procedimentos médicos.

 

A importância de realizar exames regulares

Dados adicionais do levantamento da COI sinalizam que 47% dos participantes vão ao oftalmologista apenas uma vez por ano, enquanto 30% providenciam o agendamento de consultas somente quando sentem alguma dificuldade de visão.

Muitas pessoas deixam de procurar assistência médica por sentirem medo por dos procedimentos e até mesmo de possíveis diagnósticos. No segmento oftalmológico, isso é ainda mais intenso, já que os olhos são partes muito sensíveis do corpo.

No entanto, é fundamental que avaliações anuais ou semestrais sejam executadas, com a busca pelo atendimento especializado ao menor sinal de problemas na visão, independentemente do intervalo de tempo do último exame.

Sentir certa hesitação ao procurar um médico é perfeitamente normal. Em situações do tipo, é importante encontrar profissionais experientes e altamente qualificados, que possam garantir o bem-estar e a segurança do paciente.

Ser submetido a qualquer tipo de exame médico não é a atividade mais agradável do mundo, mas alguns minutos de desconforto podem poupar inúmeros problemas de saúde, prevenindo também as condições mais graves que levam à morte e, nos casos oftalmológicos, a cegueira irreversível.

Mesmo quando alguma doença é identificada, é importante que o diagnóstico seja feito o quanto antes. Desta forma, as chances de tratamentos bem sucedidos e recuperações rápidas são muito maiores do que quando os quadros clínicos estão mais avançados.