Agências de Defesa Agropecuária de Rondônia, Acre e Amazonas traçam estratégias para ações na tríplice fronteira

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O Governo do Estado, por meio da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril de Rondônia (Idaron) e da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), reuniu na região da Ponta do Abunã técnicos e representantes da Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Amazonas (Adaf) e do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf) para traçar estratégia conjunta de vigilância sanitária após o reconhecimento internacional da Organização Mundial para Saúde Animal (OIE) de área livre de febre aftosa sem vacinação do Bloco 1, composto pelos estados de Rondônia, Acre e partes do Amazonas e Mato Grosso.

De acordo com o diretor executivo da Idaron, Licério Magalhães, “essa união de esforços é importante devido às particularidades da região conhecida como tríplice fronteira, cujas propriedades estão nos limites dos estados de Rondônia, Acre e Amazonas. As ações precisam ser conjuntas, para garantir que a área continue livre de aftosa sem vacinação, e a Idaron aposta em educação sanitária para conscientizar os produtores”, destaca o diretor que recebeu durante dois dias técnicos e dirigentes das agências de defesa agropecuária dos dois estados.

 

A visita técnica contou com a participação também do auditor da Superintendência Federal da Agricultura (SFA), ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), João Carlos Aranha. “Essa integração é muito positiva para o Bloco 1, tendo em vista que os governos dos três estados que integram a tríplice fronteira estão alinhados e com o mesmo propósito. É importante salientar que, com a certificação, os estados devem trocar o “V” de vacinação pelo “V” de vigilância”, pontua o auditor, que destaca ainda uma ação integrada entre os governos de Rondônia e Mato Grosso na outra ponta do Bloco 1, que não faz parte da tríplice fronteira.

 

Outra preocupação dessa região de fronteira são os países como Bolívia e Peru, próximos de Rondônia e Acre. Mas de acordo com o auditor da SFA, “o Peru já é livre da febre aftosa há bastante tempo e a Bolívia também avança, sendo que uma parte do estado boliviano do Beni já é livre de aftosa e o Pando está em busca dessa homologação de área livre de aftosa sem vacinação. O Planaftosa, que é o órgão que cuida da febre aftosa na América do Sul, não considera a Bolívia como alto risco da doença nesse bloco”, tranquiliza Aranha.

 

TRÍPLICE FRONTEIRA

 

O fortalecimento das ações na região da tríplice fronteira faz parte do planejamento estratégico iniciado em 2017 pela Idaron. “O governador Marcos Rocha sempre esteve preocupado com os avanços na estrutura, com investimento de cerca de R$ 40 milhões em equipamentos, veículos, enfim, na estrutura da Agência em todos os municípios do Estado, incluindo a Ponta do Abunã”, complementou o diretor executivo, Licério, dizendo ainda que “é preciso intensificar o acompanhamento e vigilância para que os produtores rurais comuniquem imediatamente às agências sobre qualquer anormalidade em suas propriedades, para que possamos agir de forma imediata. O compartilhamento de ferramentas utilizadas por Rondônia com as agências de outros estados é importante para termos essa agilidade”.

 

A área de abrangência do Bloco 1 inclui os distritos de Vista Alegre do Abunã, Extrema e Nova Califórnia, em Porto Velho, além dos municípios de Humaitá, Canutama e Lábrea, no sul do Amazonas, e Acrelândia, no Acre, onde fica o posto de fiscalização Tucandeira, na divisa de Rondônia e Acre.

 

AÇÃO CONJUNTA

 

O posto Tucandeira foi a primeira parada da visita dos técnicos das agências de defesa agropecuária da tríplice fronteira. O grupo conheceu de perto a estrutura usada pelos fiscais agropecuários do Acre e Rondônia.

 

O presidente do Idaf, José Francisco Thum, agradeceu a parceria com os estados do Amazonas e Rondônia: “Aqui no Tucandeira mantemos vigilância 24 horas em parceria com o Governo de Rondônia. Os fiscais trabalham integrados, para evitar que não só o vírus da febre aftosa volte, mas também outras doenças que estão sendo controladas. E, a integração entre os três estados vem consolidar o trabalho em grupo do Bloco 1, que fortalece a fiscalização e a vigilância, que é uma das exigências do Ministério da Agricultura e da OIE. Esse trabalho vem sendo feito em conjunto entre os estados do Acre, Amazonas e Rondônia”.



 

Divididos em equipes, os assistentes de fiscalização que trabalham em sistema de plantão, perceberam um aumento no fluxo do trânsito de animais, principalmente devido a grande demanda de estados como São Paulo e a inauguração da ponte do Abunã sobre o rio Madeira. De acordo com os fiscais, pelo posto passam diversos tipos de produtos de origem vegetal como banana, castanha e defensivo agrícola. Durante as fiscalizações, são verificados documentos como nota fiscal, Guia de Transporte Animal (GTA), certificado de inspeção sanitária, guia de importação. E, como muitos desses documentos são eletrônicos, os fiscais precisam verificar a autenticidade.

 

TRÂNSITO DE ANIMAIS

Essa preocupação é muito importante, porque de acordo com o gerente de defesa sanitária animal da Idaron, Fabiano Alexandre, “a divisão em blocos do Ministério da Agricultura tem a ver com a questão do trânsito animal e Rondônia faz parte do Bloco 1, juntamente com Acre e Amazonas. Logo depois que esse Bloco 1 se tonou livre de vacinação em 2019, não é mais possível o transito de animais vacinados para não comprometer o status sanitário animal dos estados que compõem esse bloco. Hoje, nós só podemos receber animais dos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, que foi o primeiro estado do país a ser área livre de aftosa ainda em 2007”.

 

O gerente da Idaron, Alexandre, destaca ainda, que “para os estados que compõem esse bloco não há limites para enviar animais para outros Estados do país, seja carga viva ou não, em forma de subprodutos. No caso de ir para outro Estado que tenha vacinação, os animais chegam lá, vacinam e são incorporados ao rebanho. É importante ressaltar, que Rondônia hoje tem o sexto maior rebanho do país, exporta para mais de 40 países, sendo o quinto maior exportador de carne do Brasil. Nosso objetivo é buscar mercados mais exigentes, uma vez que não precisamos mais vacinar, porque o entendimento é que onde se vacina tem o risco da doença. Estamos mostrando para o mundo que estamos livres da aftosa, mas temos que cuidar para manter esse status evitando qualquer fator de risco”.

 

VISITA TÉCNICA

 

O grupo visitou algumas propriedades. Um delas no ramal Mococa, um dos muitos que cortam a região que fica próxima do ponto de integração da tríplice fronteira. O presidente da Adaf, Alexandre Araújo, reconheceu e agradeceu o empenho dos governos dos dois estados, tendo em vista que a partir da assinatura do Termo de Cooperação Técnica, previsto para os próximos quatro anos, o Amazonas continuará utilizando a estrutura dos dois estados. “Pela primeira vez nós temos servidores do Adaf nessa região do Bloco 1, com o concurso público que foi feito recentemente para a contratação de 13 técnicos para essa área, por isso o Governo do Amazonas só tem a agradecer a Rondônia e ao Acre, mas agora com essa ação conjunta estamos começando a tomar conta do cadastro dessas propriedades do Estado do Amazonas nessa região”, informou o presidente.

 

“Hoje mais de seis mil propriedades reúne 68% do rebanho do Amazonas, que está nessa região do Bloco 1, localizada em 14 municípios na divisa com Rondônia e Acre. Das 211.905 propriedades, 178.088 ficam em Lábrea e 33.817 em Canutama, sul do Amazonas e vinham sendo fiscalizadas pela Idaron. Eesse rebanho, que antes estava sob a responsabilidade desses dois estados, volta a ficar sob o comando da Adaf, entretanto essa transição vai acontecer aos poucos”, explicou o gerente da Idaron, Fabiano Alexandre.

 

Em outra propriedade visitada fica no distrito de Extrema, em Porto Velho, o pecuarista Moisés Botelho de Frias destacou a importância do trabalho feito pela Idaron e comemorou a certificação internacional de Área livre de febre aftosa sem vacinação. “Há quantos anos a gente esperava por isso e hoje é muito bom estar livre de aftosa, o gado hoje, a gente traz a cada seis meses para fazer um vermífugo. Não tem mais aquele problema que a gente tinha com a vacina, que dava um tumor no pescoço do animal e tinha que esperar um tempo para poder abater o boi gordo, hoje não, o animal está sadio, fora o preço que melhorou muito”, garante o pecuarista.

 

FEBRE AFTOSA

 

A estimativa do Ministério da Agricultura é de que todo o território brasileiro seja considerado área livre de febre aftosa sem vacinação até 2026. Atualmente, cerca de 70 países são reconhecidos como livres de febre aftosa. A doença afeta bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e suínos e traz prejuízos como limitações à comercialização de produtos pecuários. A febre aftosa ainda exige esforços constantes dos produtores rurais e das autoridades sanitárias para prevenção e erradicação. O Brasil registrou o último foco de febre aftosa em 2016. Desde 2018, todo o território do país é reconhecido internacionalmente como livre da doença com zonas e sem vacinação.

 

*contém áudio para rádios nas palavras destacadas

 

Fonte
Texto: Andréia Fortini
Fotos: Frank Néry
Secom – Governo de Rondônia