Mais estruturado e com atendimento humanizado, Pronto Socorro João Paulo ll segue sem pacientes no chão

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Para este hospital pronto socorro convergem pacientes de Rondônia e de outros estado

 

Mais estruturado e sem a conhecida superlotação, o Hospital João Paulo II segue sendo o mais completo e o mais visitado de Porto Velho. Mesmo na pandemia da Covid-19, a busca de melhor humanização encontrou guarida no grupo SOS João Paulo, criado em 2019 para melhorá-lo em todos os aspectos.

 

Esforços contínuos do governo de Rondônia resultaram em expressiva força-tarefa que promoveu melhorias no atendimento. Paralelamente, Governo consolida o estudo para a construção do novo Pronto Socorro de Urgência e Emergência da Capital.

 

A situação era crítica: pacientes “internados” na garagem, ao relento, enfrentavam maus momentos, motivando queixas e até denúncias de parentes.

 

A grande demanda vem do interior, como constata o grupo SOS João Paulo. Em 2015, o hospital internou 15.832 pessoas, das quais, 10.693 vindas do interior do estado de Rondônia. Em 2019, foram 16.231. Este ano, até abril, mais 4.328 passaram por suas enfermarias, laboratórios, triagem e corredores.

 

Na gestão Marcos Rocha, tem recebido uma série de melhorias, desde os métodos internos de trabalho, reparos na estrutura física, às condutas clínicas de enfermagem e regulação. De sua parte, desde o ano passado, o Tribunal de Contas de Rondônia comprometeu-se a doar R$ 50 milhões para a construção do novo hospital pronto socorro.

 

Para o secretário estadual de saúde, Fernando Máximo, o apoio do governador Marcos Rocha “foi fundamental”. Ele também elogiou as equipes da Sesau e dos hospitais: “Todos vestiram a camisa, e nada receberam a mais por isso, porque estavam empenhados em cumprir a missão estratégica que acatou sugestões de todos para a construção de ideias”, assinalou.

 

DORES INESQUECÍVEIS

 

Antes das atividades do SOS João Paulo, a alta demanda de pacientes acarretava uma situação de difícil controle no hospital. A empresária Júlia Oliveira, 49, conta que em 2018 uma amiga teve um AVC e necessitou de acompanhante. “Ela teve paralisia no lado esquerdo do corpo, não conseguia andar, não subia na maca, tinha que ir ao banheiro com o meu apoio”, relata.

“Ficamos na sala de observação, havia só duas macas pequenas na enfermagem, uma cadeira de rodas, e um suporte de soro; não havia lugar para sentar, fiquei em pé o tempo todo”, lembra-se. À noite, ela dormia sentada numa cadeira de rodas.

Vítimas de acidentes com motos resultaram em 4.088 atendimentos em 2018, e fraturas de membros superiores, 1.204. Iva Alves, 47, dois filhos, foi uma das vítimas a conhecer o Hospital. “Desloquei meu braço quando caí, no bairro Flodoaldo [Pontes Pinto], fiquei duas horas para ser atendida”, ela conta.

 

MELHORIAS

 

Pela primeira vez na condição de acompanhante, Denise Sabrina Oliveira Santos, 34 anos, ficou com o pai internado há três semanas no JPII. “Ouvi algumas pessoas que lá se encontravam, também, com parentes ou amigos, comentando que hoje a realidade é outra, apesar da antiga estrutura do pronto socorro”, contou. Ela se referia à presença de pessoas acomodadas no chão, nos corredores ou na garagem, uma situação que era preocupante e dolorosa. “Aquilo realmente não existe mais; os pacientes ocupam os leitos, ninguém mais é deixado nos corredores, o atendimento médico é de alta qualidade, feito por profissionais atenciosos”, declarou Denise Santos.

 

O hospital dispunha de 70 leitos alugados no Hospital Santa Marcelina, 30 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Samar e 30 leitos de UTI do Ambulatório Médico de Especialidades (AME). Depois, outros dois hospitais privados reforçam o atendimento com médicos, enfermeiros, técnicos, fisioterapeutas e medicamentos incluídos.



 

Para o secretário Fernando Máximo, a contratação de novos leitos possibilitou de vez o desafogamento no pronto-socorro. Outro elogio, desta vez, à consultoria do Hospital Sírio Libanês de São Paulo: “Tudo para conter a superlotação”.

 

Em 2019, mutirões resultaram em 2.234 cirurgias de ortopedia e exames de ressonância magnética em 2,2 mil pessoas, o que permitiu o desafogamento da lotação no JPII, quando muitos pacientes ficavam aguardando em internações no hospital até o momento da realização dos procedimentos.

 

Pacientes psiquiátricos também se beneficiaram dessa celeridade. A Sesau alterou o fluxo para eles. Dessa maneira, no JPII, após avaliado e medicado, o paciente já pode voltar para casa e, em extrema necessidade, ser encaminhado para internação na Ala de psiquiatria do Hospital de Base. Atualmente, conforme o secretário, evita-se internações desnecessárias. Ele próprio, em visita ao hospital, conversou com pacientes e conheceu a realidade de cada um. “A gente se emociona com os depoimentos deles, pois grande parte conheceu aquela realidade do chão, da garagem, expostos ao sol e a chuvas, e se sujeitavam a infecções”, comentou Fernando Máximo.

 

O QUE CONSEGUIU O SOS JOÃO PAULO

 

► O grupo melhorou as condições de atendimento ao paciente, diminuindo a superlotação. O tempo de internação e liberação do paciente diminuiu e os servidores tiveram melhores condições de trabalho.

 

► Fazem parte do grupo 30 profissionais Sesau, HP JP II, Hospital de Base, Centro de Medicina Tropical de Rondônia (Cemetron), entre eles enfermeiros, técnicos em enfermagem, médicos, fisioterapeutas e assistentes sociais.

 

► O ambulatório de traumato-ortopedia no Hospital de Base passou a atender pacientes do JPII com pequenos traumas. Anteriormente, o fluxo padrão pedia que o paciente entrasse no pronto socorro, e na detecção de necessidade de cirurgia, aguardasse, ficando exposto à infecção e ocupando leito.

 

► O funcionamento do ambulatório possibilitou ao paciente com trauma de leve proporção iniciar o atendimento no JPII e, após a radiografia e a confirmação de cirurgia ou outros procedimentos, ser encaminhado ao HB. Dessa maneira, se houver necessidade de cirurgia, o paciente é conduzido ao centro cirúrgico e, em seguida, liberado para casa.

 

► Além das pequenas fraturas e outras lesões que não precisam de cirurgia, o ambulatório atende pacientes em acompanhamento pós-operatório. Esse atendimento demorava até 30 dias.

 

► No fluxo de exames, a reorganização também foi essencial: pacientes de diversos municípios vinham para Porto Velho, em busca de atendimento no Hospital de Base, porém, davam entrada no JPII em finais de semana e feriados. Ou seja, ali permaneciam internados sem necessidade. O grupo SOS ajustou para que o paciente deixe sua cidade já regulado para atendimento direto no HB, onde, após o atendimento, retorna para casa.

 

► Tuberculose e meningite – O fluxo no atendimento inicial com pacientes em suspeita de tuberculose e meningite foi alterado. Anteriormente, eles passavam pelo JPII e, quando confirmada a suspeita dessas doenças, seguiam para o Cemetron. Agora, eles seguem diretamente para o especialista, fazendo todos os exames. Ao JPII são encaminhados apenas aqueles que não confirmarem as suspeitas e estiverem com outros sintomas.

 

Importa destacar que o Hospital João Paulo II e o Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro estão atendendo apenas casos de urgência e emergência, nesse período de pandemia, sem a realização de sem cirurgias eletivas.

 

 

Fonte

Texto: Montezuma Cruz

Fotos: Daiane Mendonça e Arquivo Secom

Secom – Governo de Rondônia