A História da Música em Jaru: Pescador & Garimpeiro – Diamante & Garimpeiro

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Foto: Divulgação

 

José Luiz da Silva e Miraldo dos Santos formaram, respectivamente, Pescador & Garimpeiro, uma das mais antigas duplas de música secular no município. O início da carreira ocorreu no ano de 1985, quando os mesmos se encontraram na feira municipal que existia onde anos depois fora construída a Rodoviária dos Colonos. Embora ambos já se conhecessem, eles ainda não haviam experimentado formar o dueto. Durante esse encontro os cantores resolveram se apresentar em conjunto e cantaram pela primeira vez a música “Saudade da Minha Terra” no bar de Dona Nair, a mãe do Pescador. Devido à boa aceitação popular, a d upla foi formada a partir daquele momento, mesmo sem ainda ter um nome definido.

A escolha do nome da dupla

A escolha do nome da dupla foi através de uma ideia sugerida pelo saudoso José Aparecido da Silva (1961-2014), locutor de rádio bastante conhecido no município e pioneiro na comunicação radiofônica.

Natural de Umuarama (PR), onde nasceu no dia 04 de janeiro de 1961, José Aparecido iniciou a sua atuação rádio ainda jovem quando residia no Paraná. Ele chegou em Rondônia no ano de 1983, local onde, além de radialista, a profissão que era consagrado, atuou como servidor público na rede estadual como professor. Profissional que era, soube conciliar os seus afazeres, ajudar diversos artistas locais que surgiram a partir da década de 1980 e fazer história em várias rádios: Jaru FM (a primeira estação do município), FM do Povo e Nova Jaru FM. Em quase 30 anos de rádio, a maioria deles em Jaru, a presentou programas de sucesso como Amanhecer no Sertão, Terra Sertaneja, Canta Brasil e Som Brasil, isso considerando apenas as atrações do rádio jaruense.

José Aparecido deixou a vida terrena em 20 de outubro de 2014, após travar uma grande luta contra a leucemia mieloide aguda, doença que estava acometido. Assim como ele, Reis Fernandes e Ivan Gonzaga estão entre os profissionais da comunicação falada que trabalharam nos primeiros anos de diversas emissoras que fizeram Ainda jovem, José Aparecido já demonstrava que possuía talento para ser uma voz ativa na comunicação história no município. Hoje eles não estão mais na vida terrena, mas muitos radialistas que surgiram posteriormente, ou paralelamente aos mesmos, reconhecem o profissionalismo deles e o legad o que deixaram para a posteridade.

Miraldo dos Santos relatou em entrevista ao escritor Elias Gonçalves que após encerrar uma apresentação feita por ele e Pescador no extinto “Pau do Fuxico”, José Aparecido que estava ouvindo naquele momento questionou se a dupla já havia gravado um disco. Mediante a resposta negativa, Aparecido se propôs a ajudá-los no que fosse necessário para que a obra fonográfica fosse gravada. Durante a conversa, o futuro empresário da dupla também quis saber o nome deles que, até então não havia sido definido. Por ter trabalho em garimpos da região, Miraldo disse que gostaria que a designa&cc edil;ão tivesse algo a ver com o seu antigo trabalho. José Aparecido então sugeriu Pescador & Garimpeiro e a opção dada foi imediatamente aceita. A partir daí ambos passaram a se apresentar com o referido nome artístico.

Gravação em fita cassete

O passo seguinte foi gravar as músicas em uma fita cassete de demonstração e enviar com a letra devidamente datilografada para serem registradas em Brasília. A gravação era composta por quatro faixas musicais, sendo uma de composição própria, duas do radialista José Aparecido e a quarta de Jorge Faccini, outro compositor da obra. O material encaminhando retornou a Jaru devidamente registrado nos órgãos oficiais e ficou pronto para ser gravado sessenta dias depois. Em seguida, acompanhados por José Aparecido, os cantores viajaram à Curitiba em junho de 1986 para gravarem o primeiro disco. O processo de grava&cced il;ão na Capital paranaense demorou aproximadamente quarenta dias e foi produzido no formato de um compacto duplo, ou seja, duas faixas em cada lado de um disco pequeno. Foram produzidas quinhentas cópias e a canção “Amor Eterno” era uma das mais solicitadas nas apresentações.

Aproximadamente três anos depois, a dupla Pescador & Garimpeiro decidiu interromper as atividades musicais devido a um problema de saúde em que Pescador estava acometido. Nenhum deles seguiu carreira solo. Porém, em 1994, Garimpeiro foi convidado a participar de uma roda de viola no boteco do Pescador que acabara de fugir do hospital para estar presente no evento, mesmo não estando bem de saúde. Naquele fatídico dia, Sebastião Viana que há alguns anos havia formado dupla com Carlos Santos também se fazia presente. Diversas duplas estavam se apresentando e os únicos que estavam sem parceiros eram Viana e Garimpeiro. Era um domingo e, por ironia do destino, a música apresentada foi novamente “Saudade da Minha Terra”. Ambos foram muito aplaudidos pelo público presente que, por unanimidade, pedia que os dois formassem uma dupla.

Na sexta-feira seguinte a nova dupla já estava se apresentando ao público. A primeira apresentação ocorreu no Bar do Geraldinho e o dueto foi parabenizado pelo sindicalista Paulo Amaro que indagou-os sobre qual era o nome que adotavam. Como ainda não haviam definido, Amaro fez o seguinte questionamento: se um dos componentes se chama Garimpeiro, o outro poderia ser o Diamante. A ideia foi acatada na hora e, dali em diante, passaram a serem conhecidos como Diamante & Garimpeiro.

Novas parcerias



A partir da segunda apresentação, a dupla teve que alterar o nome, pois acabara de ganhar um novo integrante, formando assim um Trio. Era Heraldo Neves Ribeiro, filho de Diamante, que ficou conhecido como Canhoto, à época com doze anos de idade. O novo nome artístico passou a ser Diamante, Garimpeiro & Canhoto dos Teclados. O Trio permaneceu junto cerca de três anos e Heraldo decidiu seguir carreira tocando em bandas da região, fazendo com que a formação anterior voltasse a ser reestabelecida. Heraldo ainda chegou a trabalhar em empresas particulares, mas acabou voltando a atuar na área musical com a Banda Ari Santos & Os Recampados .

Com a volta da antiga formação, a dupla acrescentou uma nova nomenclatura e passaram a se apresentar como Diamante e Garimpeiro – Os Filhos de Rondônia. O apoio do empresário Antônio Sobrinho, o Antônio do Burro, foi decisivo para que a dupla Diamante e Garimpeiro entrasse em estúdio para realizar a gravação de um CD no ano 2000 com onze faixas no ritmo sertanejo. Após a gravar a obra, a carreira musical ultrapassou fronteiras e a dupla esteve em Mato Grosso e também em outros lugares da região fazendo shows. Devido à repercussão alcançada, em 2002 chega ao mercado o segundo CD. Visando atender a um p& uacute;blico maior, o perfil musical adotado por Diamante e Garimpeiro também mudou e agora o Forró passa a ser o ritmo das músicas apresentadas ao público.

Diamante & Garimpeiro já fizeram pré-shows de cantores nacionais, entre eles a dupla Renê & Ronaldo, além de outros grupos musicais do cenário brasileiro. Em 2005 lançaram o terceiro CD com uma regravação de músicas sertanejas antigas que marcaram época no país. A quarta produção fonográfica ocorreu no ano de 2010 com as melhores músicas da dupla e quatro canções inéditas. A música mais pedida de todos os tempos é “O Telefone”, a terceira faixa do primeiro CD.

A dupla Diamante e Garimpeiro tem se apresentado em vários estados brasileiros e por onde passa é sucesso. Em Jaru, a festa da terceira idade organizada pela Secretaria de Ação Social virou um dos assuntos principais da cidade, quando em 2009, o poder público quis substituir o dueto por outros cantores. Os idosos não concordaram e decidiram ir à Câmara Municipal e ao Ministério Público reivindicar a permanência da dupla, pois era muito grande o carinho da terceira idade pelos cantores e vice-versa. O objetivo dos idosos foi alcançado e Diamante e Garimpeiro permaneceram à festa direcionada à terceira idade at&eacu te; o ano de 2011. Porém, mesmo sendo queridos pelos idosos, eles não foram mais chamados para animar a festa da classe, embora continuem atuando na área musical.
A publicação da série “A História da Música em Jaru” está sendo possível graças a uma parceria entre os principais sites do município e o escritor Elias Gonçalves Pereira. Os textos serão publicados de 13 de maio a 06 de junho de 2019, data em que o escritor lançará nas dependências da Associação Comercial e Industrial de Jaru, o livro “Um Tratado sobre a Música, a Literatura e a Comunicação Jaruense”. A obra conta com 262 páginas e faz uma cobertura de meio século no campo historiográfico local dentro da temática contida no t& iacute;tulo.

As reportagens serão publicadas na seguinte ordem:
01. Destaques das décadas de 1970 e 1980 – 13/05/2019
02. Juca & Marquinhos – Banda Swing & Country – 14/05/2019
03. Pescador & Garimpeiro – Diamante & Garimpeiro – 15/05/2019
04. Jorge Faccini – 16/05/2019
05. Jenival Silva – 17/05/2019
06. Geoni e Geonito – 20/05/2019
07. Idair Ferreira – 21/05/2019
08. Marcos Paulo & Claudney – Banda Los Arcanjos – 22/05/2019
09. Dalberto & Darnel – 23/05/2019
10. Márcio & Messias – Banda Flash Music – 24/05/2019
11. Mário & Marquinhos – 27/05/2019
12. Eder & Eder – 28/05/2019
13. Divas Diogo – 29/05/2019
14. Heliane Markes – 30/05/2019
15. Arllan Cardek e Banda Maria Juana – 31/05/2019
16. Gilson Fagner – 03/06/2019
17. Banda Country Music / Albatroz – 04/06/2019
18. Beto Neves – 05/06/2019
19. Banda Pelô Art – 06/06/2019

Fonte: Elias Gonçalves
Fotos: Miraldo dos Santos, Solange de Melo e Beto Neves
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